Flávia
Enquanto me arrumava, fiquei encarando o espelho, perdida nos próprios pensamentos. A mensagem que havia enviado no dia anterior ainda pesava em mim. Será que ele leu? Será que entendeu o que eu quis dizer? Ou simplesmente ignorou?
Meu coração apertava um pouco a cada hipótese que eu criava. Mas antes que eu mergulhasse fundo na ansiedade, meu celular vibrou.
“Já estou aqui.”
Respirei fundo. Terminei de me arrumar, passei um batom leve, ajeitei o cabelo e, pela primeira vez em dias, me senti bonita. Peguei minhas coisas e desci com Caio.
Assim que nos viu, Ricardo saiu do carro sem dizer uma palavra. Abriu a porta de trás, pegou Caio no colo e o colocou na cadeirinha com o cuidado de sempre.
— Bom dia — disse, tentando soar leve.
— Bom dia — ele respondeu, a voz baixa, o rosto fechado.
Entramos no carro, e o caminho até a escola foi envolto em um silêncio espesso. Nem uma música, nem um comentário. Só o som da cidade ao fundo e a sensação incômoda de que algo havia mudado.
Ao c