Flávia
A semana passou e o apartamento parecia cada vez menor. Caixas por todos os lados, pilhas de roupas dobradas, objetos embalados em jornal, e aquele ar de despedida pairando em cada canto. A cozinha, que sempre foi o coração do nosso lar, estava praticamente vazia. Eu olhava para tudo e sentia um misto de cansaço e nostalgia — era o fim de um ciclo bonito.
Na sexta-feira, finalmente, a mudança aconteceu. Desde cedo, o apartamento estava cheio de movimento: carregadores subindo e descendo, barulhos de fita adesiva, portas batendo, e aquele caos organizado típico de mudanças.
Estávamos animados, eu e Ricardo trocávamos olhares de cumplicidade a cada caixa que sumia pela porta, era real, estávamos nos mudando.
Caio, por outro lado, estava inconsolável.
— Mas eu quero ir pra casa nova, mamãe! — dizia com um biquinho irresistível, segurando firme o brinquedo favorito.
Abaixei-me diante dele e ajeitei seu cabelo.
— Eu sei, meu amor, mas hoje vai ser muito cansativo. Deixa que o vovô e