A casa de Hudson parecia mais viva na manhã da despedida.
A luz entrava pelas janelas com um brilho diferente, como se soubesse que aquele seria o último café da manhã deles ali.
Noah preparava a mesa enquanto Clara limpava os respingos de tinta da bancada — não todos, só os que não pareciam memória.
— Tudo pronto? — ele perguntou, ao ver a mala dela encostada na porta.
— Quase.
Ainda falta me despedir da parede.
Ele sorriu.
E foi junto.
No cômodo dos fundos, a pintura seguia firme, como se tivesse respirado com eles durante todos os dias.
Clara passou os dedos pela base, onde tinha escrito:
“Aqui o mundo parou.
E a gente não teve medo do silêncio.”
Ela colou um último bilhete ali, embaixo da frase.
Em letra pequena, como quem fala só pra parede ouvir:
“Obrigada por me segurar enquanto tudo voltava devagar.”
Noah estava ao lado dela, observando em silêncio.
— Essa casa não vai ser mais a mesma.
— Nem a gente.
Eles não disseram adeus.
Só saíram com a certeza de que algumas coisas não p