Noah acordou às onze e quarenta e dois da manhã.
Foi como emergir debaixo d’água.
O quarto ainda escuro, o corpo inteiro dolorido — como se tivesse passado dias sem se permitir parar. Talvez porque realmente tivesse.
Espreguiçou-se com lentidão, olhos ainda pesados. Na cabeceira, o celular desligado. Nem lembrou de colocar pra carregar. A primeira mensagem que viu quando ligou foi de Elias:
[09:14] Elias:
Ela acordou cedo. Estava desenhando. E te procurou com os olhos.
Entreguei a carta. Ela não disse nada. Mas ficou segurando como quem lê o invisível.
Noah sorriu de leve. Levantou e foi direto para o chuveiro.
Água quente, barulho bom, corpo em repouso.
Pela primeira vez em semanas, ele não estava em alerta.
E o mundo continuava girando mesmo assim.
Vestiu jeans, camiseta preta, jaqueta leve. Sem pressa. Sem jaleco.
Fez café. Um bilhete de Clara ainda estava preso na geladeira, escrito com marcador vermelho:
“A vida é o que a gente faz entre um gole e outro.”
Ele riu. E bebeu seu caf