Cinco meses depois, o mundo parecia ter desacelerado ao ritmo de Clara.
O livro INTERVALO tinha feito seu caminho — pelas livrarias pequenas de bairro, pelas mãos trêmulas de leitores que choravam ao vê-la autografar, pelas vitrines de vidro onde ficava entre romances best-sellers e manuais de psicologia.
Mas ele também morava nos cafés silenciosos, nos quartos com abajur de luz amarela, nas mochilas de adolescentes que colavam seus próprios bilhetes nas margens.
Clara viajou com o livro.
Participou de encontros em escolas de arte, rodas de conversa, espaços culturais.
Visitou Beacon, Cold Spring, Hudson, e depois seguiu para pequenas cidades como Portland e Providence — lugares onde leitores se sentavam em cadeiras dobráveis, com os olhos brilhando e o livro nas mãos.
Sempre levava na mochila azul o exemplar original e o caderno de capa de tecido, onde colava frases escritas entre trens, manhãs cinzentas e silêncios de hotel.
“A saudade nem sempre é ausência.
Às vezes, é o eco de um