“A paz exige uma luta contínua.”
Após Lívia se acalmar, Helena terminou de contar o que havia acontecido. A voz soava controlada, mas havia um lado dela que estava quase aos berros de tanta frustração. Havia sido ingênua — achara que bastava ir embora, assinar papéis, fechar portas, para se ver livre de Cássio e da prisão que fora seu casamento. Mas finalmente teve que encarar o quão grande havia sido seu engano.
Consuelo acariciou-lhe as costas num gesto maternal. A palma quente contrastava com o frio que ainda vibrava sob a pele da filha.
— Filha... — começou, a voz mansa, hesitando entre firmeza e ternura. Pousou a outra mão sobre a de Helena, entrelaçando os dedos como quem tenta segurar o que ainda resta. — Você fez o que precisava ser feito. — Prosseguiu, encarando-a com aquele olhar que parecia atravessar as defesas. — E eu tenho orgulho de você, entendeu? Nenhuma mulher que escolhe recomeçar deve se envergonhar disso.
Helena assentiu, sem conseguir responder. A garganta aperta