“Toda paz exige uma mão firme, um traço decidido e a recusa em ser apagada.”
Ao voltarem para dentro da casa, encontraram o ambiente mais silencioso. Pedro já havia se retirado, voltando discretamente ao sobrado vizinho. Queria dar privacidade à família — e também verificar se não havia mais movimentação na rua.
Na cozinha, Aurora terminava de guardar algumas louças e panelas novas, enquanto, na sala, Helena estava encolhida no sofá, a cabeça apoiada no ombro da mãe.
Os olhos dela estavam distantes, frios, como Lívia nunca tinha visto — e aquilo a preocupou imediatamente. Santiago também percebeu; o peito dele apertou, uma sensação de alguém torcendo o próprio coração entre os dedos.
Lívia se aproximou, ajoelhando-se à frente da amiga. Segurou-lhe as mãos com firmeza, como quem ancora um barco prestes a ser arrastado pela correnteza.
— Não se preocupe — disse com suavidade. — Nós vamos dar um jeito em tudo isso.
Helena assentiu, mas o rosto continuou inexpressivo, quase uma máscara.