O sol já havia descido um pouco, derramando um brilho quente pelas calçadas quando eles saíram do restaurante. O ar tinha cheiro de flor e de rua aquecida.
Helena dirigia de volta ao escritório, em silêncio, sentindo o vento brincar com seus cabelos.
Santiago parecia distraído, mas havia algo pensativo em seu olhar — algo que se misturava entre preocupação e desejo contido.
Ao chegarem, ele a fitou por um instante. O silêncio entre os dois pareceu ganhar corpo, denso e confortável ao mesmo tempo.
Foi então que ele perguntou, com a voz baixa, quase hesitante:
— Naquele dia... no hospital... — fez uma pausa breve, escolhendo as palavras. — você disse que já estava resolvendo as coisas. Conseguiu?
Helena o olhou surpresa. Por um instante, o coração perdeu o compasso.
Desviou o olhar, tamborilando o dedo no volante, como quem tenta disfarçar um rubor que teima em subir.
— Ainda não completamente — respondeu com um sorriso curto, um tanto envergonhado. — Mas falta muito pouco.
Santiago