Cássio forçou os olhos a se abrirem. A cabeça girava como um cata-vento empurrado por um vento impiedoso. O gosto viscoso de uísque ainda impregnava sua boca.
Por um instante ficou ali, confuso, tentando entender onde estava. Então o espaço vazio ao seu lado o atingiu com força — e as lembranças da noite anterior voltaram, uma a uma, como cacos cortando a consciência.
Era a primeira vez que acordava naquela cama sem Helena.
E o vazio ao seu lado parecia ecoar o mesmo buraco que se abria dentro dele.
Buscando algum fio de vitalidade, obrigou-se a levantar.
No banheiro, diante do espelho, massageou as têmporas, tentando afastar a dor latejante que o atormentava tanto quanto suas lembranças.
Lembrou-se de todas as vezes em que acordara de ressaca — e, mesmo sem pedir, Helena sempre aparecia com um analgésico e um copo d’água morna.
Agora, ela não estava ali.
Nem mesmo sabia onde guardavam os remédios.
Bufou, vencido.
Optou pelo chuveiro, esperando que a água levasse embora um pouco da fr