Ela…
Eu sentei ali, ouvindo cada palavra que saía da boca dele — Klaus — como se fosse um segredo sussurrado em meio ao silêncio do mundo.
O tipo de segredo que não se conta para qualquer um, que pesa no peito e deixa a alma em carne viva.
Eu via aquela ferida aberta diante de mim, crua e pulsante, e sentia o que era carregar um passado que não perdoa.
Ele se abriu como nunca antes.
Não para mostrar força, mas para expor a fragilidade que tentou esconder a vida inteira.
E, naquele momento, entendi que, por trás da dureza, havia um homem despedaçado, cansado de fingir que estava inteiro.
— Você sabe, Klaus, — comecei, minhas palavras soando quase como um sussurro rouco — a dor é uma estranha que se instala na casa da gente. Ela não escolhe quartos nem horários. Ela se acomoda na cozinha, no banheiro, no sofá onde a gente chora baixinho. E às vezes, ela parece que nunca vai embora.
Respirei fundo, como se precisasse puxar o ar para dizer o