Ela…
A sala da doutora Marina já não me causava o mesmo estranhamento de antes.
Ainda era fria, sem quadros bonitinhos ou aromas suaves para perfumar o ambiente, mas já não me intimidava.
Talvez porque eu não estivesse mais tão apavorada em encarar minhas sombras.
Era uma quarta-feira nublada, típica dos meses que se arrastam entre estações.
Usei um vestido leve e deixei o cabelo solto.
Sentei na poltrona diante dela, e pela primeira vez desde que começamos as sessões, fui eu quem puxou assunto.
— Essa semana… me senti diferente — comecei, olhando para a janela enquanto a chuva fina escorria pelo vidro.
— Não exatamente forte. Mas… mais presente.
Marina me observava como sempre fazia: olhos atentos, corpo inclinado levemente para frente, mãos unidas sobre o colo.
Não era afetuosa, mas me fazia sentir vista de um jeito que ninguém nunca conseguiu.
— E o que significa estar mais presente para você, Hayla? — ela perguntou, a