Ela…
Às vezes, sinto que não estou mais aqui.
Não de verdade.
Meu corpo está, sim.
Caminha.
Respira.
Veste roupas.
Senta à mesa.
Mas eu… eu estou soterrada sob um peso que ninguém mais vê.
Desde que deixei o hospital, as noites se tornaram o meu maior desafio.
Eram para ser alívio. Repouso.
Mas toda vez que deito a cabeça no travesseiro, algo dentro de mim desperta.
Começa devagar.
Uma ansiedade surda.
Depois, um aperto no peito.
A respiração curta.
O corpo formiga.
E então… os pesadelos.
O galpão.
O concreto frio.
A voz da Clara como uma lâmina escorrendo por dentro de mim.
A seringa.
O cheiro do sangue.
Meu próprio grito abafado pela fita em minha boca.
Acordo coberta de suor.
O peito ofegante como se tivesse corrido quilômetros.
O quarto escuro me faz prender o grito.
Levo segundos para lembrar onde estou.
Em casa.
Em segurança.
Mas nada em mim par