AURORA
Eu havia sentido. O vínculo. Era impossível fingir que não existia. Ele pulsava em silêncio entre nós, como uma força invisível e irresistível. Como se lutava contra algo que era maior do que nós?
Minha loba se revirava dentro de mim, inquieta, indignada com as palavras que saíram da minha boca. Ela queria ceder, se aproximar, se entregar. E, por um segundo, quase deixei.
Quase.
Apenas um passo, um gesto, e eu teria cruzado uma linha da qual não havia retorno. Mas o medo gritou mais alto. O medo de todos os segredos que ainda me assombravam.
Fiquei grata por ele ter aceitado meu pedido tão facilmente. Estava preparada para argumentar, mas isso não foi necessário. Ele apenas assentiu, com um movimento lento e resignado.
Mas não pude deixar de perceber a mágoa em seu olhar. Senti sua presença se afastar, como se minhas palavras tivessem criado uma barreira invisível entre nós. Uma muralha fria.
O dia passou como um sopro, escapando por entre meus dedos. Quando me dei conta, havía