7. Abby

— Nós vamos conseguir, filho — digo, sentindo-me mais forte e determinada agora.

No final da tarde algumas nuvens cinzas ofuscam a luz do sol, mas a ansiedade de me ver livre dessa prisão está me consumindo por dentro. Não consegui dormir como a Ava me pediu e mal toquei na comida também. Eu simplesmente não consigo engolir nada. E como um presságio cruel uma tempestade engole a luz do dia de repente. Raios e trovões riscam os céus nebulosos e nervosa, já começo a contar os minutos. A porta se abre em um rompante e o meu corpo inteiro se estremece quando Ava passa por ela.

Olhar assustado. Respiração ofegante. Algo está acontecendo. Eu sei que sim.

— Precisamos ser rápidas, Senhora! — Ela diz com uma voz carregada de tensão. — Não temos muito tempo.

— O que está acontecendo, Ava? — Procuro saber. Entretanto, ela me encara e finalmente vejo um medo crucial em suas retinas.

— O senhor Vittorio chamou o médico da família.

— Ele o que?

— Ele quer acelerar o parto, Senhora. Uma fazer uma cesariana de emergência.

— Mas… ainda tenho algumas semanas.

— Ele a quer de volta, não importa i que isso irá custar para ele.

Um silêncio sepulcral se instala entre nós.

— Vista isso, Senhora e depois, quero que corra. Corra para bem longe!  — Ava me ajuda a pôr um casaco com capuz e como se fosse um pássaro cuja gaiola deixaram a porta aberta, saio apressada pelo corredor semiescuro, direto para a ala dos empregados.

… Saia pelas portas dos fundos.

Me lembro das palavras de Ava e ao abrir a porta, as gotas grossas da chuva molham meu rosto. Respiro o ar frio da noite que parece querer cortar a minha garganta e ponho o capuz antes de sair correndo na direção da mata. Um raio ilumina o meu caminho e um grito apavorado escapa da minha garganta. Levo uma mão para o meu ventre e tento manter a calma. Contudo, um disparo seguido de um clarão dentro do quarto do quinto arranca me faz paralisar ali mesmo.

Ava!

Penso em voltar, mas hesito entre a minha liberdade e uma amiga que ousou me devolver a minha liberdade.

… Corra!

… Corra!

… Corra para bem longe!

E eu corro. Não demora e alguns latidos surgem a alguns metros atrás de mim.  Um trovão ruge violento pelo céu negro e a chuva se intensifica.

— A ribanceira!

Digo quando finalmente a encontro e corro imediatamente para lá. Fito a água escorrendo por entre as folhas encharcadas, carregando galhos quebrados pelo caminho. Os latidos me fazem olhar para trás. Eles estão cada vez mais perto e eu preciso me apressar. Penso quase desesperada. Portanto, me apresso a descer, mas escorrego pela lama negra e aos gritos, desço com tudo, rolando até chegar ao fim da jornada.

— Ai!

Uma pontada forte na minha barriga me faz levar a mão para o meu ventre. Respiro fundo algumas vezes para tentar aplacar a dor aguda e me forço a levantar quando percebo algumas lanterna no alto da ribanceira. Olho ao meu redor.

A estrada. Onde ela está?

… Um amigo a aguarda com uma caminhonete cheia de verduras.

… Ele levará para a cidade vizinha.

Uma pontada de dor mais forte me faz arrastar para uma direção. Caminho, dessa vez com dificuldade, segurando em cada tronco de árvore escorregadio.

— AAH!!! — Solto um rosnado forte quando a contração vem ainda mais forte.

Respiro fundo mais vezes.

— Agora não, filho! Agora não! — rogo cansada e finalmente alcanço a estrada, mas não vejo uma caminhonete em lugar nenhum. — Por favor! Por favor! — rogo e começo a chorar em desespero.

— Ela está ali! — Alguém grita e encontro forças para correr, dessa vez pela estrada estreita.

— Oh Deus, me ajude! — Faço uma prece, levando o meu olhar para o céu escuro com dificuldade devido as gotas pesadas da chuva. Contudo, um farol no meio da estrada chama a minha atenção e sem pensar duas vezes, ergo as minhas mãos, correndo na sua direção. — Por favor, me ajude! Me ajude! — grito com desespero.

O veículo freia bruscamente a centímetros de mim e quando uma sombra imponente sai de dentro dele, perco as minhas forças e desmaio.

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