O frio de Londres parecia mais intenso naquela manhã, mas eu sabia que não era apenas o clima. Era o nervosismo que deixava minhas mãos geladas e meu estômago em um nó apertado.
Eu estava parada do lado de fora da cafeteria, o avental dobrado sobre o braço e os dedos enfiados nos bolsos do casaco surrado. Minhas pernas balançavam levemente, como se assim eu pudesse gastar a ansiedade que corria pelo meu corpo.
Então, o carro preto e brilhante surgiu na rua estreita. Era elegante demais, diferente de qualquer veículo que já havia me dado carona. Ele parou devagar diante de mim, e meu coração bateu mais rápido quando a porta do motorista se abriu.
Ravi saiu com a mesma postura impecável que eu lembrava, o casaco de lã escuro e o cabelo perfeitamente alinhado, como se o frio não ousasse desarrumar nada nele. Seus olhos dourados encontraram os meus, e por um instante, esqueci como respirar.
— Bom dia, Manu — ele disse com um leve sorriso, a voz baixa, mas calorosa. — Está pronta?
Assenti,