MELINAEu vi toda a luta sangrenta e assustadora atrás da janela e, quando Amarok caiu ajoelhado no chão, após matar os três lobos inimigos, e me preparei para correr até lá para ajudá-lo, ouvi um baque alto na parede de trás. Assustada e em alerta, segurei o punhal com força entre meus dedos, ouvindo um rosnado seguido do estalo de madeira. Tentei correr até a porta para fugir e ajudar Amarok, mas já era tarde demais e o lobo cinza meio homem entrou pela porta da frente, me fazendo recuar para trás automaticamente. Seus olhos eram animalescos, enquanto ele rosnava baixo, com a língua de fora e babando igual a um bicho em abstinência. Ergui a adaga de prata com as minhas mãos trêmulas, disposta a matá-lo se fosse preciso.— Você… é tão pequena — o lobo disse com a voz esganiçada. — Senti seu cio de longe e, se você aguentou o pau do Alfa e ainda está viva, você me aguenta também.Engoli em seco com dificuldade, enquanto continuava apontando a faca para o inimigo, agora com dificulda
MELINASó depois de relaxar totalmente nos braços do Alfa e voltar a me sentir protegida de novo, foi que eu percebi que havia sangue escorrendo do ombro de Amarok e consequentemente me sujando.O sangue escorria pelo braço dele, pingando no assoalho de madeira com um som seco. A ferida no ombro dele não parecia mortal, mas era profunda o suficiente para expor carne e perder bastante sangue. — Foi uma faca de prata… — Amarok disse, com a voz ficando cansada, ao me ver encarando seu ferimento.Me sentindo pela primeira vez apavorada com a possível ideia dele morrer, o ajudei a levantar com um pouco de dificuldade por ser o dobro do meu tamanho e guiei ele com cuidado até a cadeira que ficava perto da lareira.Amarok se sentou na cadeira, fazendo a madeira gemer em protesto por causa do seu peso, e observei com mais atenção seu ferimento, sentindo as minhas mãos trêmulas.O cheiro de sangue e carne queimada pairava no ar, misturado com a fumaça da madeira que queimava na lareira. Como
MELINA — Você tem que descansar — falei, vendo Amarok com as costas encostada na cabeceira da cama e com seu peitoral nu. — Perdeu muito sangue.— Não posso dormir agora — ele disse diretamente. — Não enquanto você ainda está no cio.Olhei sem reação facial para Amarok, que acabou de me fazer lembrar e perceber que meu corpo ainda estava pegando fogo por dentro. Devido a toda essa loucura e adrenalina, eu tinha me esquecido momentaneamente que meu corpo febril implorava para acasalar com um macho.Mais precisamente com Amarok.Senti o rubor quente subir pelas minhas bochechas ao me dar conta de que eu o desejava com muita intensidade e que o Alfa ainda sentia o cheiro do meu cio. Meu corpo queimava por dentro, como se cada célula pulsasse em um ritmo selvagem que implorava por ele. O cio era como uma sede insaciável, uma febre crescente que só se curava com remédio e agora que Amarok estava tão perto, ferido, suado e com o cheiro dele de macho Alfa dominando todo o ambiente, estava
O silêncio que agora se fazia na nossa pequena casa de madeira era torturante, enquanto eu lutava contra as minhas pernas trêmulas para permanecer em pé. As minhas mãos estavam frias e suadas e me forçava a continuar olhando para a minha família na minha frente, depois de anunciarem que tinham me prometido em casamento a Amarok Mavros, o Alfa da nossa alcateia, e eu me negar. Se fosse em outras circunstâncias normais, seria o sonho de qualquer fêmea da nossa matilha se casar com o líder do grupo, porém nenhuma mulher da vila queria ser esposa do temido e cruel Alfa e, como eu não passava de uma simples humana sem valor por não ter uma loba, estavam me entregando de bandeja para ele. Para um assassino sanguinário. Diante de mim estavam a minha mãe, o meu pai e a minha única irmã mais velha. — Você deveria se sentir honrada, Melina Katsaros — Zena, minha mãe, disse após eu rejeitar o casamento arranjado com aquele monstro. — Finalmente arranjamos alguém da alcateia que tem coragem
Pisei o pé mais forte no acelerador da caminhonete barulhenta, sentindo a adrenalina reverberar pelo meu corpo e vendo os faróis de luzes amarelas clarearem o caminho terroso e escuro, sabendo que, a essa altura do campeonato e devido ao barulho do motor velho quando dei partida na garagem, meus pais a essa hora já sabiam da minha fuga.O céu estava nublado, anunciando que choveria em breve, e ao longe era possível ver alguns raios cortando o céu e fazendo um enorme clarão. Um novo trovão seguido de um raio caiu bem próximo e olhei assustada pela janela do motorista quando vi um vulto preto correndo pela floresta adentro.Com as minhas mãos começando a suar e agora com medo, continuei acelerando o carro com o meu pé trêmulo, me agarrando na esperança de fugir desse lugar que só me trouxe tristeza e recomeçar uma nova vida em algum lugar bem distante.Eu só pisquei meus olhos em uma fração de segundos e tomei um susto quando, de repente, um homem enorme apareceu no meio da estrada e no
MELINA O som cada vez mais próximo dos galhos estalando sob suas passadas pesadas era como uma ameaça velada, enquanto Amarok rosnava e se aproximava do buraco pequeno entre as pedras onde eu entrei para me esconder.Tentei recuar instintivamente para trás, mas como o buraco onde me enfiei só tinha entrada e nenhuma saída, apenas arregalei meus olhos, com o meu coração pulsando como um tambor frenético dentro do meu peito. Ele parou a alguns passos de mim e me olhou de cima, com aqueles olhos vermelhos que denunciavam a fera interna que era. Amarok não estava totalmente transformado em lobo, pois seu corpo, que estava apenas coberto por uma calça jeans surrada, era uma mistura de lobisomem, com uma barriga definida da sua forma humana e garras expostas nas mãos do seu lobo.Um rosnado baixo, mas intimidador, saiu da sua garganta, fazendo-me encolher ainda mais como um bichinho assustado. Antes que pudesse gritar ou correr, ele me puxou para fora com suas garras afiadas e me jogou so
MELINATotalmente o oposto do monstro sem coração que achei que me jogaria dentro de uma jaula e me manteria presa como um bichinho de estimação, Amarok me deu uma camisa quente sua para me trocar no banheiro, já que me tremia inteira de frio por causa da roupa molhada e suja de lama, e me ordenou deitar entre as lãs quentes de pele de ovelhas que ele espalhou em frente à lareira para me aquecer.Estava tão sem forças para lutar com meu captor pela minha liberdade e fugir, que apenas fechei meus olhos cansados e me permiti dormir entre as peles macias e quentinhas dos animais indefesos que ele matou. Acordei na manhã seguinte, sentindo todo o meu corpo dolorido e com uma forte dor de cabeça. Olhei em volta, demorando para processar mentalmente onde eu estava. Me levantei em um pulo ao perceber que não tinha sido um pesadelo e que eu realmente fui prometida e sequestrada pelo Alfa.A madeira rangeu sob meus pés descalços enquanto caminhava lentamente e meio desorientada, apenas querend
AMAROK De volta à minha casa nas montanhas e um pouco longe da vila, joguei Melina no chão de madeira com menos brutalidade do que eu esperava devido à raiva interna que sentia, mas ainda assim sem qualquer delicadeza. Assim que me desfiz dela, andei até a porta e fechei-a com força, denunciando através desse ato o real ódio que sentia por ela tentar fugir de mim novamente, com o som da madeira se chocando e ecoando pela casa como um trovão. Observei Melinda se levantar devagar e com dificuldade.Sua respiração encontrava-se visivelmente pesada, com seus cabelos longos grudados no rosto suado e sujo de lama. Só que, diferente da primeira vez em que ela me olhou nos olhos, dessa vez não havia mais medo em suas íris verdes.Havia fúria.— Eu te odeio, Alfa — as palavras dela cortaram o ar como lâminas.Encarei ela por um longo momento, vendo seus ombros subindo e descendo com a respiração acelerada. Seus olhos intensos me fitavam como se fosse um fogo prestes a encendear tudo.— Pode m