AMAROK
A caçada tinha sido boa e eu tinha matado um cervo enorme que carregava nesse exato momento nas minhas costas.
Os primeiros raios de sol atravessavam a névoa da floresta e, mesmo de longe, eu sentia que a minha esposa estava ali, em algum lugar dentro daquela cabana.
Marcada, saciada e minha.
O gosto do sangue dela ainda estava na minha boca e na lembrança prazerosa dos seus gritos rasgando a noite na floresta, com nossos uivos misturados quando meu nó nos prendeu. Essa memória pervertida e deliciosa não sairia da minha cabeça tão cedo.
E eu não queria mesmo que saísse.
O chão rangeu sob minhas botas quando me aproximei da porta da cabana. Deixei o cervo do lado de fora no gancho e entrei, sendo inevitável não fazer barulho.
Eu estava pronto para encontrar minha fêmea deitada entre as cobertas, dolorida e com o corpo ainda latejando no meio das coxas pela noite intensa que tivemos na floresta ontem, mas o que vi me pegou de surpresa.
Melina estava na cozinha, de costas para