Elara*
Seguimos Lúcia pela floresta. Seus passos eram rápidos, seguros demais para alguém que se dizia isolada. Era como se tivesse percorrido aquele caminho um milhão de vezes.
Aladar vinha atrás de mim, tão próximo que sentia seu calor se misturar ao frio noturno. Sua respiração roçava minha nuca, e sua voz grave surgiu baixa.
— É melhor voltarmos ao acampamento agora, minha senhora.
O som próximo ao meu ouvido me fez estremecer, mas antes que eu pudesse responder, Lúcia rebateu sem sequer olhar para trás:
— É uma péssima ideia. Ele vai alcançar vocês antes que cheguem a qualquer lugar. Ele não vem até aqui.
“Ele”. A palavra ficou pairando no ar como um veneno.
Pouco depois, atravessamos os galhos retorcidos que formavam uma espécie de arco natural. E ali, diante de nós, surgiu o antigo acampamento da família Midas. O lugar que um dia fora cheio de vida, agora não passava de um cemitério de lembranças.
Meu peito ardeu. Cada pedra quebrada, cada pedaço de lona rasgada me devolvia