O dia seguinte começou como qualquer outro em Cedar Grove. Luna caminhava para a escola com Samantha e Mario, mas sua mente estava longe. Desde que conheceu Allan, não conseguia parar de pensar nele. A intensidade de seu olhar, a forma como sabia seu nome… tudo nela gritava que havia algo diferente, algo que ia além do comum.
— Amiga, você está me ouvindo? — perguntou Samantha, estalando os dedos na frente do rosto de Luna. — O quê? Desculpa, estava pensando… — respondeu Luna, tentando disfarçar. — Pensando no Allan, claro — provocou Samantha, com um sorriso malicioso. — Eu sabia que você ia ficar intrigada com aquele deus grego. Mario bufou, claramente incomodado. — Não vejo nada de tão especial nele. É só mais um garoto novo. Luna preferiu não responder. O nome de Allan ainda fazia seu coração bater mais rápido, e aquilo a assustava. --- Quando chegaram à sala de aula, o burburinho que Luna ouvira no dia anterior se repetia. Os alunos estavam animados, cochichando sobre uma nova estudante. A porta se abriu e, ao lado da diretora, entrou uma garota de beleza estonteante. Ela tinha cabelos loiros longos, quase dourados, que reluziam à luz do sol. Seus olhos eram de um azul cristalino, e a pele clara parecia delicada como porcelana. Vestia o uniforme escolar com um toque de estilo que a fazia se destacar, e caminhava com a confiança de quem sabia que todos os olhares estavam voltados para ela. — Pessoal, esta é Mérida Black — anunciou a professora. — Ela acaba de se mudar para Cedar Grove. Espero que todos a recebam bem. Luna imediatamente fez a conexão com Allan. Mesmo sobrenome. Seriam irmãos? Samantha, sempre direta, cochichou: — Se ela for irmã do Allan, acho que acabei de encontrar minha nova amiga preferida. Mérida escolheu um lugar próximo ao de Luna e, para surpresa dela, sorriu de forma simpática. — Oi, você é a Luna, certo? — perguntou Mérida, como se já soubesse quem ela era. — Sim… e você é irmã do Allan? — Luna respondeu, surpresa com a atenção. — Sou — disse Mérida, sorrindo de novo. — Ele me falou sobre você. Luna sentiu um frio na barriga. Allan falara dela? --- No intervalo, para surpresa de todos, Mérida sentou-se com Luna, Samantha e Mario. Samantha, animada, puxou assunto imediatamente. — Então, você é irmã do Allan? Eu preciso dizer que vocês dois são tipo… perfeitos demais para serem reais. Mérida riu, e até sua risada parecia encantadora. — Nós viajamos muito, por isso talvez pareça que somos diferentes. Allan pode parecer fechado no começo, mas ele é uma boa pessoa. Mario, desconfiado, cruzou os braços. — Fechado é pouco. Ele olha para as pessoas como se estivesse analisando tudo. — Ah, ele é assim mesmo — respondeu Mérida, dando de ombros. — Acho que é só o jeito dele. Luna ficou calada, observando Mérida com curiosidade. Havia algo nela que lembrava Allan, uma aura diferente, quase hipnotizante. No entanto, Mérida parecia mais acessível, mais calorosa. Quando as outras duas garotas foram buscar algo para beber, Mérida aproveitou para falar com Luna sozinha. — Posso te dizer uma coisa? — perguntou, inclinando-se levemente para frente. — Claro — disse Luna, um pouco hesitante. — Meu irmão… ele não é como os outros. — A expressão de Mérida ficou séria por um instante. — Ele se interessou por você. Eu nunca vi isso acontecer antes. Luna arregalou os olhos. — Como assim? — Só… tenha paciência com ele — disse Mérida, voltando a sorrir, como se tivesse se arrependido de ter dito demais. Luna não sabia o que pensar. O que havia de tão diferente em Allan para que até sua irmã falasse dele daquele jeito? --- Durante a tarde, Mérida se mostrou uma companhia agradável. Era inteligente, divertida e tinha uma forma gentil de tratar todos ao redor. Até Samantha, que adorava ser o centro das atenções, parecia fascinada por ela. — Acho que ganhamos uma nova amiga — disse Samantha, abraçando Luna e Mérida ao mesmo tempo. — Eu adoraria — respondeu Mérida, sincera. — Luna, você parece alguém que posso confiar. Luna sorriu, mas por dentro estava cheia de dúvidas. Por que Allan e Mérida pareciam tão interessados nela? Era como se ambos soubessem algo que ela não sabia. Ao final do dia, quando deixou a escola, Luna olhou para trás e viu Allan, parado perto da saída, observando-a de longe. Mérida estava ao lado dele, trocando algumas palavras que ela não conseguiu ouvir. Um arrepio percorreu sua espinha. Algo estava acontecendo, algo grande. E, de alguma forma, ela estava no centro de tudo.