Era para ser apenas mais um dia comum.
Gabriela havia acordado cedo, tomado café com Manu, escrito mais algumas páginas do livro e ajudado Miguel com a estrutura do projeto social que ele começava a montar no centro comunitário.
Mas no início da tarde, uma ligação inesperada mudou o rumo do dia.
— Gabriela Ribeiro? Aqui é o diretor da escola onde você estudou no ensino médio. Estamos organizando uma homenagem aos ex-alunos que se destacaram na comunidade e gostaríamos que você viesse dar uma palestra.
Silêncio.
Gabriela levou um tempo para processar.
Aquela escola. Aquele bairro. Aquelas memórias.
Ela não pisava lá desde a adolescência, desde que saíra quase fugida — depois de descobrir, ainda menina, que estava grávida de Daniel.
Respirou fundo.
— Quando seria?
— Daqui a três dias. Pode ser?
Ela quase disse não.
Mas então lembrou da menina que chorava no banheiro da escola, com medo do futuro. Da menina que achava que sua vida tinha acabado.
— Pode. Eu estarei lá.
Naquela noite, Gabr