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2- Convivência Forçada

Gabriela segurava a mão de Manu enquanto subia as escadas do prédio onde sua mãe agora morava. A pequena pulava um degrau sim, outro não, cantarolando baixinho uma música da escola.

— Mamãe, a vovó vai ter bolo? — perguntou com os olhos brilhando.

— Vai sim, filha. — Gabriela forçou um sorriso. — A vovó sempre tem.

Era o primeiro domingo que passariam juntas desde a mudança da mãe para a cidade. Gabriela hesitou várias vezes antes de aceitar o convite. Mas achou que estava na hora de dar uma nova chance ao convívio — mesmo que o passado ainda doesse.

Ela não fazia ideia do que a esperava ao tocar a campainha.

A porta se abriu. A mãe, radiante, vestida com uma blusa de cetim lilás, a abraçou com entusiasmo.

— Gabi, querida! Que saudade! — disse, abaixando-se para abraçar Manu logo em seguida. — Olha só como essa princesa cresceu!

Gabriela entrou com a filha pela mão. O apartamento era novo, decorado com móveis caros e arranjos florais modernos. Estranhamente impessoal.

— Tem visita? — perguntou Gabriela, ao ver dois copos de vinho na mesa da sala.

— Ah, sim… — a mãe hesitou. — Quero te apresentar uma pessoa.

Gabriela virou o rosto… e parou. O coração pareceu cair no chão.

Ali, sentado no sofá de linho cinza, estava Daniel.

O mesmo.

Mais velho, mais sério, com o mesmo olhar profundo que um dia prometeu amor eterno — e depois sumiu.

— Olá, Gabriela — disse ele, com a voz grave.

Ela não conseguiu responder.

— Esse é Daniel… meu noivo — completou a mãe, sorrindo, sem notar o choque nos olhos da filha.

Noivo.

A palavra explodiu por dentro. O mundo girou.

— Desculpa, o quê? — Gabriela perguntou, encarando Daniel, que mal conseguia sustentar o olhar.

— Eu… não sabia que vocês se conheciam — disse a mãe, surpresa com a reação. — Vocês… já se viram?

Gabriela riu. Um riso seco, curto. Quase um soluço de dor contido.

— Já. Nós íamos nos casar. Mas ele não apareceu.

A taça de vinho da mãe estremeceu na mão.

Silêncio.

Manu puxou a barra da blusa de Gabriela.

— Mamãe, o moço é amigo da vovó?

Gabriela pegou a filha no colo.

— É, filha. Um velho conhecido.

Daniel continuava calado. Os olhos diziam tudo: ele sabia. Sabia quem era Manu. Sabia quem era Gabriela. Sabia que aquela coincidência não era coincidência nenhuma.

Gabriela pegou sua filha no colo e saíram as pressas da casa sem dizer mais nada!

Naquela noite, Gabriela não dormiu.

Sentada à beira da cama, com Manu já adormecida, ela revivia o olhar de Daniel, o constrangimento da mãe, a dor de sentir o passado bater à porta — com aliança nova no dedo e sorriso fingido no rosto.

“Por quê, Deus? Justo agora?”

Abriu a Bíblia que ficava ao lado da cama. Caiu em Provérbios 3.

“Confie no Senhor de todo o coração e não se apoie em seu próprio entendimento.”

Gabriela fechou os olhos.

Ela não entendia nada. Mas sabia de uma coisa: não fugiria dessa vez, ela queria respostas!

Se a vida quisesse colocar Daniel no mesmo teto, ela enfrentaria.

Mas não se renderia.

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