Arthur Bernard
Nunca pensei que um dia minha vida daria uma guinada tão abrupta. Estava sentado na sala, sozinho, com a cabeça a mil, quando o interfone tocou. Atendi sem muito interesse, mas as palavras do porteiro me fizeram gelar.
— Senhor Arthur… há uma mulher aqui da assistência social. Ela está com um bebê. Disse que é importante.
Senti o corpo gelar. Algo dentro de mim dizia que aquilo não era apenas uma coincidência. Desci apressado, coração acelerado e mãos trêmulas.
Assim que vi a assistente social, já soube.
— O senhor é Arthur Bernard? — ela perguntou, segurando uma criança enrolada num cobertor azul.
— Sou eu… o que está acontecendo?
— A mãe da criança… Liliane. Ela deixou uma carta no hospital e nomeou o senhor como responsável legal. Depois… desapareceu.
O mundo pareceu parar. Meus pés fincaram no chão como se eu estivesse preso ali. Um bebê. Um bebê que eu sabia… era meu. Não precisava de exame nenhum. Liliane havia dito uma vez, entre lágrimas e promessas queb