Vittorio Bianchi
Saio do quarto em silêncio, certificando-me de que Heloísa está em sono profundo. A respiração dela é tranquila, mas sei que sua mente está longe disso. Cada pesadelo que Liliane plantou nela ainda a assombra. E eu não posso permitir que isso continue.
Pego minha jaqueta no encosto da cadeira e deslizo para fora da casa sem fazer barulho. O ar da madrugada é frio, carregado com aquela energia densa de algo prestes a acontecer. O carro está estacionado logo ali, esperando. Quando ligo o motor, um arrepio sobe pela minha espinha. Esta noite pode mudar tudo.
Dirijo até um galpão abandonado na zona industrial. Hugo já está me esperando ao lado de um carro preto, as mãos enfiadas nos bolsos do casaco. Seus olhos brilham sob a luz fraca do poste mais próximo. Ele sempre teve esse ar de quem já viu e fez mais do que deveria.
Assim que desço do carro, ele se aproxima.
— Tem certeza disso, Vittorio? — sua voz é baixa, mas carregada de significado.
Encaro-o com firmeza.
— Lilia