Hugo Moura
Ao chegar em casa, senti o peso da minha consciência como nunca antes. Cada palavra dita por Vittorio ainda ecoava na minha mente, como um lembrete incômodo de que eu estava falhando com as pessoas que mais importavam na minha vida.
Ava estava sentada no sofá, absorta em um livro, mas assim que me viu entrar, ergueu os olhos, percebendo de imediato a minha inquietação.
— Hugo? Aconteceu alguma coisa?
Passei a mão pelos cabelos, suspirando. Sentei ao lado dela, sentindo meu peito apertar.
— Aconteceu, sim. E eu preciso admitir que estive errado esse tempo todo.
Ela fechou o livro e se virou completamente para mim, aguardando. Seu olhar sempre atento e compreensivo me encorajou a continuar.
— Eu fui um idiota, Ava. Um irresponsável com a minha filha e um péssimo amigo para o Vittorio. — Respirei fundo antes de continuar. — Ver a maneira como ele protege a Heloisa, como está disposto a tudo para o bem dela, me fez enxergar o que eu estava ignorando. Eu deveria ser o pai dela.