Kevin Stewarth e Hanna Roux se apaixonaram na adolescência, mas foram separados pela família poderosa de Kevin. Ele, herdeiro de uma rede de hotéis, e ela, uma jovem humilde, seguiram vidas diferentes. Dez anos depois, Kevin enfrenta um noivado arranjado, enquanto Hanna tenta superar traumas do passado e cria sua filha, Kethellen. Quando se reencontram em um evento de caridade, os sentimentos reprimidos reaparecem, mas segredos e cicatrizes ameaçam impedi-los de se reconectar. Será que o amor do passado pode superar as sombras que os envolvem?
Leer másHanna
— Não quero te deixar ir — Kevin diz com os olhos cheios de carinho, me puxando para mais um abraço, no qual eu deito a cabeça em seu peito.
— Amor, você sabe que está tarde, e eu tenho que ir. — Digo tentando me desvencilhar de seu abraço, mas, no fundo querendo que ele me segure e não largue nunca mais.
— Mais um beijo então. — Ele diz fazendo uma carinha de cachorro sem dono.
— E quem resiste essa cara de pidão? — digo, sorrindo.
Eu o beijo, e claro, o beijo é quente, delicioso, com aquele gostinho de quero mais.
— Não provoca, senão eu não te deixo sair deste carro — ele diz, sorrindo. Mordo sua orelha e respondo em sussurros ao seu ouvido:
— Até amanhã, meu amor. — Sorrio travessa, enquanto me afasto dizendo — Preciso entrar e tomar a pílula do dia seguinte. Por mais que eu queira filhos com você, ainda não é o momento.
— Se quiser, podemos treinar mais um pouquinho. — Ele diz com aquele sorriso de molhar a calcinha.
— Olha, tenho duas chamadas perdidas da minha irmã, meus pais devem estar preocupados. — Digo, verificando a hora no visor do celular.
— Deixe-me conhecê-los, assim eles ficam mais tranquilos.
— Vou combinar com eles e te aviso. Preciso ir. — Dou mais um beijo nele e me despeço no final: — Até amanhã, meu amor! Sonha comigo.
— Sempre! — Ele me rouba mais um beijo e diz: — Te amo!
— Também te amo muito. — Sorrio enquanto ele me envia um beijo.
Por mais que eu esteja preocupada por não termos usado preservativo, tenho que admitir que foi maravilhoso, e meu sorriso revela o quanto sou feliz com ele. Assim que entro pelo portão, vejo o carro dele se afastar.
Ainda estou sorrindo quando entro em casa e vejo meus pais e Hazel arrumando malas e caixas.
— O que está acontecendo aqui? — Pergunto, intrigada.
— Apareceu a margarida. Isso são horas de chegar em casa? E ainda com o cabelo molhado? — Meu pai fala furioso, e nunca o vi assim antes.
Olho discretamente para Hazel, que nega com a cabeça e faz sinal de silêncio. Sem entender o que está acontecendo, tento explicar:
— Estava na piscina da casa do meu namorado, a propósito, ele quer conhecer vocês, pa… — Não consigo terminar de falar, pois meu pai interrompe com um tapa no meu rosto.
Olho para ele, assustada, com a mão na face.
— Por sua culpa, eu e sua mãe perdemos o emprego. Agora temos que ir embora como fugitivos no meio da madrugada.
— Não estou entendendo, o que está acontecendo… — Outro tapa arde em meu rosto, mais forte que o primeiro. Cambaleio para o lado e Hazel me ampara.
— Leve essa biscate para longe de mim, antes que eu a mate por desonrar a família.
Começo a chorar, sem saber o que está acontecendo. Meus pais me olham com ódio, e eu nem sei o motivo.
No quarto, com minha mala já pronta por Hazel, ela me abraça e tenta me acalmar.
— Não chora, Han. Ele só está nervoso, logo passa e ele te pede desculpas. — Tento acreditar, mas o que vi nos olhos do meu pai me assustou muito.
— Mas o que aconteceu? Por que ele me culpa pela perda do emprego?
— Porque, de certa forma, foi sua culpa. — Hazel responde, eu a olho, sem entender.
Então, ela me conta tudo, e a dor que sinto é como uma adaga afiada atravessando meu coração.
— Preciso ligar para o Kevin e contar o que está acontecendo. — Digo, entre lágrimas.
Disco rapidamente, mas antes que ele atenda, meu pai toma meu celular e o j**a contra a parede, quebrando-o em pedaços.
Ajoelho-me no chão, pegando os pedaços, assustada. Meu pai parecia um monstro, transtornado. Seus olhos estavam dilatados, o rosto vermelho como um tomate maduro, e ele tremia… assim como eu, mas com toda certeza, por motivos completamente diferentes.
Kevin
Sei que sou jovem para pensar em casamento. Semana que vem completo dezoito anos, mas toda vez que tenho que deixar Hanna em casa, é uma tortura. Minha vontade é sequestrá-la para mim. Sorrio, imaginando como seria estar no paraíso com ela sempre ao meu lado.
Chego em casa e me surpreendo ao encontrar meu pai na sala.
— Na próxima vez que quiser "comer" uma puta, tenha a decência de não ser na casa dos seus pais.
— Ela não é puta, é minha namorada. — Respondo sem hesitar.
— Você fará dezoito anos em breve e terá responsabilidades na empresa. Não tem tempo para essas "putinhas".
— Já falei que ela não é puta. — Falo entre os dentes, tentando controlar a raiva e a vontade de socar meu pai por desrespeitar a mulher que amo.
— Ela não tem sobrenome. Não serve para você. — Meu pai diz com um tom de nojo.
— Eu não me importo com o sobrenome dela. O que importa para mim é o que sinto por ela e o que ela sente por mim.
Ele começa a rir, zombando dos meus sentimentos, e isso me deixa ainda mais irritado.
— Moleque tolo, nem saiu das fraldas direito e quer me falar sobre amor. — Ele solta outra gargalhada antes de dizer algo que me enfurece ainda mais: — Se depender de mim, você nunca ficará com ela.
Dito isso, ele sai da sala, me deixando sozinho. Estou tão nervoso que agradeço a Deus por ele ter ido, mais um minuto ouvindo ele insultar minha garota, e eu não responderia por mim, mesmo sendo o meu pai.
Vou para o meu quarto, pego o celular no caminho e vejo uma chamada perdida da Hanna. Tento retornar, mas só cai na caixa postal.
Kevin.Mais tarde, quando finalmente nos recolhemos ao nosso quarto de núpcias, a excitação e a felicidade do dia ainda estavam estampadas em nossos rostos. Hanna estava deslumbrante, mesmo depois de tantas horas e tanto choro, foi um dia muito emocionante para nós dois. O vestido de noiva parecia feito para ela, mas o brilho em seus olhos era o que realmente roubava a cena.Eu me aproximei lentamente, o coração batendo acelerado enquanto a observava. Ela me olhou, com aquele sorriso que sempre parecia capaz de parar o mundo, e esperei até estar bem perto para falar.— Pronta para o primeiro dia da sua vida… junto comigo para o resto de nossas vidas?Ela sorriu, os olhos marejados mais uma vez e se inclinou para me beijar.— Eu já estou vivendo isso, Kevin. Cada momento ao seu lado é o primeiro de muitos que quero ter.Eu a puxei para perto, nossos lábios se encontrando em um beijo cheio de promessas e paixão. O mundo lá fora podia esperar. Ali, naquele instante, éramos só nós dois, pr
Kevin.Todos estavam radiantes, celebrando o casamento com risos e lágrimas de felicidade. Mas, no meio de toda aquela alegria, eu mal conseguia conter o turbilhão de sentimentos dentro de mim. Meu coração parecia prestes a explodir. Cada olhar de Hanna, cada sorriso que ela dava me lembrava de como eu era sortudo por chamá-la de minha esposa.Enquanto conversávamos com alguns convidados, Davis se aproximou, discreto como sempre, mas com um sorriso que denunciava que ele estava aprontando algo. Em suas mãos, havia uma pasta que ele entregou a Hanna.— O que é isso? — ela perguntou, curiosa, enquanto segurava o objeto com cuidado.— Meu presente de casamento para vocês — respondeu ele, com um brilho de satisfação nos olhos.Hanna abriu a pasta para ver o conteúdo. Hanna ficou boquiaberta.— O quê? Não!… Não posso aceitar isso! — ela disse, balançando a cabeça, ainda tentando processar o que estava diante de seus olhos.Davis deu de ombros, com um sorriso tranquilo.— Já está no nome de
MargothO som dos passos ecoava suavemente no hall, acompanhando as vozes baixas e animadas de Hazel e Hanna enquanto desciam as escadas. Do alto, eu as observei com um sorriso, o coração apertado e cheio ao mesmo tempo. Minhas meninas estavam lindas, radiantes, cada uma com um brilho próprio.O vestido de Hazel, delicado e elegante, parecia ter sido feito sob medida para destacar a força e a suavidade que sempre coexistiram nela. Já Hanna, com seu vestido simples, mas deslumbrante, tinha o olhar de alguém completamente em paz. Era como se o peso do passado tivesse finalmente ficado para trás.Porém, quando chegaram ao último degrau, ambas pararam abruptamente. Fiquei tensa ao perceber o motivo.Ali, parado no meio do hall, estava Richard, ele disse que não viria. O homem que tantas vezes fora fonte de dor e frustração, mas que agora parecia diferente. Sua postura estava ereta, mas havia uma hesitação nos olhos, como se ele também não soubesse o que esperar daquele encontro.Caminho d
Hazel.Eu não sei como a Hanna está se sentindo, mas dentro de mim há um conflito gigantesco. Quero acreditar que minha mãe mudou, ou que pelo menos está tentando mudar. Quero acreditar nas lágrimas, na sinceridade de suas palavras, mas…Foram tantas brigas, tantos momentos de descaso, de preconceito. Tantas vezes em que ela preferiu se calar em vez de nos defender, tantas vezes em que virou as costas quando precisávamos dela. Essas feridas não cicatrizam facilmente.Minha mente está dividida entre a memória dolorosa do passado e a possibilidade esperançosa de um futuro diferente. E isso me consome.Olho para Hanna, que, mesmo com os olhos marejados, parece mais em paz do que eu jamais estive em relação à nossa mãe. Ela sempre foi mais generosa, sempre teve essa capacidade de perdoar que admiro, mas nunca consegui ser como ela.Minha mãe está aqui agora, diante de nós, dizendo todas as coisas que esperei ouvir por anos. Palavras que, no passado, poderiam ter mudado tudo. Mas será que
Hazel.Eu estava muito feliz pela minha irmã. De verdade, Kevin foi feito para ela, assim como ela foi feita para ele. Cada palavra que falei durante aquele momento especial veio do fundo do meu coração, com total convicção. Mas, enquanto eu falava, vi algo nos olhos de Hanna, uma sombra passageira que me fez suspeitar de seus pensamentos.Arrisco dizer que, naquele momento, ela pensou em nossos pais. Sempre fomos muito unidos, e ela sempre foi a preferida deles. Sei o quanto à distância e as circunstâncias a machucaram, mesmo que ela tente esconder.Mas o que importava, acima de tudo, era que Hanna estava feliz. Isso era visível em cada gesto, em cada sorriso.Então, escutamos uma batida na porta. Meu coração acelerou. “Quem será?” pensei, já antecipando a surpresa ou talvez alguma confusão. Quando abri a porta, fiquei completamente paralisada.— Mãe? — Eu e Hanna dissemos juntas, em uníssono, a surpresa estampada em nossas vozes.— Posso entrar? — perguntou ela, hesitante, como se e
HannaEu estava nervosa pela Hazel. O grande dia dela havia finalmente chegado! Estávamos em um dos quartos do hotel Salivam, eu, ela, a mãe de Kevin e Kat.Kevin não mentiu. Esse hotel é exatamente como ele disse: a minha cara. Cada detalhe é encantador, transbordando amor, paz e uma serenidade que parecia abraçar o coração.Conversávamos descontraidamente enquanto as maquiadoras e cabeleireiras ajustavam os últimos detalhes. O ambiente estava leve, mas, de repente, Hazel levantou-se. Sua expressão mudou, e ela começou a falar com uma intensidade que prendeu minha atenção.— Esse sempre foi o seu sonho. Mesmo depois de tanto sofrimento, de tantas desilusões, você nunca desistiu, por mais que dissesse que isso não era para você. — Sua voz estava embargada, cada palavra era carregada de emoção. — Eu te vi quebrar de todas as maneiras possíveis, física e psicologicamente, e estive lá com você, sempre. Estar aqui hoje é um privilégio. Ser sua irmã é um privilégio.Ela fez uma pausa, resp
Último capítulo