Capítulo 3

Com o passar dos dias eu já estava cada dia mais habituada com as coisas da transportadora, as coisas estavam melhorando e os negócios estavam indo de vento em polpa. O irmão do Fernando tinha vindo para cá passar um tempo aqui juntamente com a sua esposa, Ana, que era uma amiga que eu adorava. O que tornou as coisas mais leves por aqui, pois eu não me sentia mais tão sozinha sem uma amiga.

- Carolzinha, quando pretende ir em São Paulo? - Ana pergunta enquanto almoçamos.

- Não sei, Ana, mas acredito que não vá demorar muito, eu preciso checar como vão as coisas no ateliê. - Ela diz e não deixo de notar que está usando um lindo vestido da minha marca - E obrigada pelo apoio de sempre, esse vestido é realmente lindo. - Falo e ela sorri.

- Está brincando? Eu amoo essa marca. - Ela diz e me recosto na cadeira tomando um pouco de suco.

- Fiquei sabendo que o Fernando namorou com a Júlia durante um período. - Comento como quem não quer nada, mas a verdade é que a falta de detalhes sobre esse assunto me deixava realmente incomodada. O Fernando já havia dito que me responderia o que eu perguntasse sobre isso, mas eu não queria ter que perguntar sobre isso e me sentir insegura.

A verdade era que eu vinha notando que a minha presença na transportada estava incomodando bastante a Júlia, ela não havia deixado isso claro, até por que ela era apenas fúncionaria que ocupava um cargo de confiança na administração, mas eu sempre notava a maneira como ela me tratava quando o Fernando não estava comigo e até mesmo seus olhares e falas cheios de deboches e cinismo.

- Eles engataram um romance da adolescência até a vida adulta, terminaram algum tempo antes dele conhecer você. Foi uma paixão e tanto, da parte da Júlia foi mais intensa obviamente. Mas o Fernando deu aquela Hilux pra ela mesmo após os dois terem terminado. - Ana fala e me engasgo com o suco. - Carol, você está bem?

- Aquela Hilux branca é da Júlia? - Pergunto depois de dar algumas tossidas - Não, pera. Vou reformular a minha pergunta. O Fernando deu um carro para a Júlia? - Pergunto e a Ana fica sem jeito.

- Carol, me desculpe. Aí meu Deus, o que eu fui falar? Olha, eu pensei que soubesse. - Ela diz visivelmente nervosa.

- Ana, o Fernando me falou que o relacionamento deles foi algo sem importância, um romance adolescente e agora eu fico sabendo que eles estavam juntos até um tempo antes de nos conhecermos? Pra mim não faz o menor sentido. Ele deu um carro de luxo pra ela, como que foi algo sem importância? - falo tentando me manter séria.

- Carol, pode ser que tenha sido sem importância mesmo, ai meu Deus, meu cunhado vai me matar. - Ela diz se levantando.

- Não se preocupe, não irei perguntar nada para o Fernando. - Falo e ela me lança um olhar de descrença.

- Como não? Você está uma pilha de nervos!

- Eu quero saber por que ele mentiu para mim dizendo que foi algo sem importância? - pergunto começando a sentir dor de cabeça.

- Essa história não é minha para eu conta-lá, Carol, sinto muito.

****

Depois de almoçarmos, a Ana sobe para deitar e descansar um pouco e eu, resolvo ir na transportadora. Eu ainda estava sem carro, mas peguei o carro da Ana e do Felipe.

- Carol, não sabia que viria hoje. O Fernando comentou que resolveu ficar em casa descansando com a Ana. - Júlia que está com uma prancheta nas mãos conversando com um outro funcionário na frente ds transportadora, fala para mim.

- Eu semprei estarei por aqui, Júlia. - falo.

- É que você estava tão ativa aqui nas últimas semanas, pensei que não tivesse aguentado a rotina. Como é algo que você não está habituada, com essa rotina de trabalho, imagino que deva estar sendo difícil para você. - Júlia diz e não gosto nadinha da maneira como ela usa as palavras.

- Notei que o carro do meu marido não está aqui, ele saiu para algum lugar? - pergunto e ela sorri.

- Sim, mas o Felipe está aí dentro. - ela diz e faz um gesto desinteressado para dentro da transportadora.

- E Júlia? - falo antes de entrar

-sim?

- Você deveria repensar a maneira como fala comigo, não gosto nadinha das suas falas desdenhosas. Você não me conhece, não sabe nada sobre mim, não que eu te deva nenhuma explicação, mas eu não casei com um homem rico por interesse. Jamais volte a mencionar que não estou acostumada a uma rotina de trabalho. - Ela fica boquiaberta com o que falo, mas nem me interesso pela sua reação e entro dentro do escritório.

Fiquei exasperada durante toda a semana, tendo que ouvir insinuações e deboches por parte da Júlia, mas dizer que eu não estava acostumada a trabalhar, foi o cúmulo para mim. Tudo tem limite, e é bom deixar isso explícito para que esse tipo de comentário não volte a acontecer.

- Cunhada, como você está? - Felipe pergunta assim que entro na sala, mas assim que ele olha na minha cara vê minha irritação. - Aconteceu alguma coisa?

- Não, a Ana foi deitar um pouco e eu peguei seu carro para vir aqui. - Falo e me sento.

- Você parece irritada. - ele menciona.

- Acabei d ouvir que não estou acostumada a trabalhar e que deve estar sendo bem difícil pra mim estar aqui. - meu cunhado faz uma cara de confuso.

- Quem falou isso, Carol?

- Júlia. - Falo e ele parece espantado.

- Você se importa com isso? Não deveria, nós conhecemos você Carol. Ela pode ter uma ideia distorcida de você, afinal, não te conhece. - Ele diz e me recosto na cadeira tentando controlar minha irritação.

Foi um comentário que realmente me irritou, mas também não quero ficar pensando muito sobre isso. As pessoas julgam as outras e fazem comentários infelizes o tempo todo, não da para controlar isso.

- Para onde o Fernando foi? - Pergunto.

- No banco, ele foi fazer alguns depósitos da empresa, pela hora que saiu, já deve estar voltando. - Ele diz se levantando e indo até o fundo da sala se servir de um pouco de café.

Fico algum tempo dando uma olhada nas revistas de gado, enquanto meu cunhado trabalha no computador.

- Carol, vi o carro do Felipe lá fora, fui ao banco resolver algumas coisas. A Júlia mencionou que você teve um atrito com ela, que foi super grosseira, o que aconteceu? - Fernando entra no escritório e já chega falando comigo.

- Ela logo correu pra te contar, hein? - pergunto me levantando irritada.

- Não que eu deva explicação sobre isso, já que você apenas chegou me julgando... - falo e ele me interrompe.

- Eu não estou julgando você, Carol, apenas estou perguntando o que aconteceu. - ele diz fechando a porta atrás de si.

- Gente, vocês precisam de um momento? - Felipe pergunta observando a cena.

- Não. - respodemos em uníssono.

- O que aconteceu, Fernando, é que sua ex namorada fez um comentário extremamente infeliz e eu coloquei ela em seu devido lugar.

- O que a Júlia disse, Carol?

- Que eu não estava habituada a uma rotina de trabalho, e que deveria estar sendo difícil pra mim estar aqui. - Falo e ele mantém sua expressão impassível.

- E por isso você foi grosseira? - ele pergunta e mal consigo acreditar que ele esteja defendendo-a.

- Exatamente, por esse motivo. Porque odeio julgamentos, odeio pessoas que não me conhecem fazendo comentários maldosos sobre mim, eu não estou acostumada a uma rotina de trabalho, segundo ela, mas imagino que deve ser muito bom trabalhar em um lugar onde seu ex te deu uma caminhote. - Ele recua quando falo isso e passa as mãos no cabelo.

- Você deveria ter me perguntado sobre esse assunto, Carol. - Ele fala.

- Eu nem sei se quero ouvir essa história. - Falo e passo por ele, saindo de dentro do escritório.

Eu sou loucamente apaixonada pelo Fernando, ele não foi o meu primeiro namorado, mas foi o meu primeiro amor verdadeiro, o primeiro homem com quem fiz sexo, ele quem me mostrou um mundo incrível. Agora sinto que esse mundo está desmoronando, e não sei se tenho forças para lutar contra isso.

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