Capítulo 2

No dia seguinte, eu estava de pé bem cedo. Estava disposta passar mais um tempo com o meu marido e acompanhar sua rotina de trabalho na fazenda.

Eu havia delegado algumas funções pra as funcionarias da minha loja em São Paulo e me ausentaria um pouco enquanto estivesse aqui, mas, ainda assim gostaria de estar a par de tudo que estivesse acontecendo por lá.

- Bom dia, meu amor. - Falo quando o Fernando chega a mesa para tomar café.

Ele parece realmente surpreso ao me ver acordada tão cedo, até eu estoou surpresa com esse feito.

- Não te encontrei na cama quando acordei, pensei que estivesse trabalhando em algum projeto. - Ele diz se sentando ao meu lado e me dando um beijo carinhoso nos lábios.

- Não, vou descansar um pouco do atêlie, por alguns dias. Quero te acompanhar hoje, vê algum problema? - Pergunto e ele sorri.

- Claro que não, linda. Fico feliz que vá me acompanhar hoje. - Ele diz e sorrio.

Quando o Fernando confirmou que já tinha se relacionado com a Júlia, mil coisas se passarão pela minha cabeça e eu só consegui imaginar o quanto aquele almoço com ela ontem foi bem perfomatico, ela poderia muito bem estar tentando ser simpática comigo, tentando me passar confiança, enquanto não parava de falar o quanto ela e o Fernando eram amigos, quando estava claro que eles haviam sido muito mais que amigos. Ele ter dito pra mim que qualquer coisa que eu perguntasse sobre esse período, não me fez enchê-lo de perguntas, pois eu sabia muito bem que poderia me arrepender muito depois, então, preferi ficar quieta e não perguntar nada sobre, afinal. Ela fazia parte do seu passado, ou pelo menos o relacionamento deles e eu não gostaria de trazer isso a tona.

- Aqui é bem amplo e arejado. - Falo pro Fernando depois ndele fazer um tour comigo pela transportadora.

A fazenda era uma grande produtora de cana de açúcar e também responsável pela sua exportação. Era uma fazenda da família do meu marido, mas como ninguém estava muito interessado a voltar a trabalhar nesse ramo, ele resolveu assumir a frente dos negócios.

- Sim, demos uma mudada aqui, era muito pequeno e não tinha ventilação. - Ele diz e cumprimenta alguns funcionários.

- Carol, como é bom ver você por aqui. Posso te mostrar um pouco da transportadora e como as coisas funcionam por aqui. - Júlia diz saindo de uma sala e sorri ao me ver.

Sinto como se ela tivesse ficado decepcionada com minha presença, ela me avalia de cima a baixo.

- Oi, Júlia. É bom ver você também. Muito obrigada pela gentileza, mas o Fernando já fez um tour comigo. - Falo e ela sorri.

- Bom dia, Nando. - Ela diz docemente.

- Bom dia Júlia. Como estão as coisas? - Meu marido pergunta.

- Adoraria dizer que está tudo bem, mas houve um problema na carga que saiu ontem, acabamos perdendo toda a mercadoria.

- Como isso aconteceu Júlia? - Ele pergunta visivelmente preocupado.

- Eu não sei, estou tentando ver o que posso saber. Tinha algum solvente no interior de um dos caminhões. - Ela diz.

- Mande o José passar na minha sala para me explicar direito isso. - Fernando dizz irritado e me guia para dentro de sua sala.

Por dentro, o escritório é bem arejado e iluminado, mas um lugar sem muitos detalhes. Apenas um computador em cima de uma escrivaninha e um porta retrato chama minha atenção na mesa. Pego o porta retrato pra ver qual a foto que está nele e é uma nossa, de nosso casamento. Não sei porque me sinto aliviada ao ver que é uma foto nossa.

- Meu dia vai ser um pesadelo, ainda bem que você está aqui. Vai fazer tudo ser mais tolerável. - Meu marido diz e se senta na sua cadeira abrindo o computador.

- Deixa eu te ajudar com alguma coisa, meu amor. Quero ser útil. - Falo colocando o porta retrato em cima da mesa e ficando ao seu lado.

- Carol, eu sei que odeia ficar parada, então se você puder me ajudar a dar uma organizada naqueles arquivos. - ele aponta para um gaveteiro no fundo da sala.

Passo a manhã organizando por ordem alfabetica o gaveteiro de arquivos que parece não ter sido arrumado há muito tempo.

Não deixo de notar toda a irritação e estresse do Fernando com a questão da carga.

- Nando, consegui contornar a situação da perda da carga, mas não sem um enorme prejuizo. - Observo a maneira que a Júlia entra no escritório, sem bater.

- Não podemos ter mais prejuízo, Júlia. - Fernando fala muito estressado. - Onde está o José? Quero que ele me explique o que aconteceu.

- O José foi até lá trazer toda a carga de volta e levar a outra. Fernando, ele não tem nada a ver com o que aconteceu, essa responsabilidade é toda minha. Eu contratei outra pessoa e deixei responsável por fazer a entrega dessa carga. Ele não tinha experiência na rota, parece que parou na rodovia e abriu o fundo do caminhão para levar uma coisa para alguns conhecidos na mesma cidade e isso aconteceu. Eu sinto muito por isso, irei me responsabilizar pelos danos causados. - Júlia se explica.

- Olha, Júlia, não estou afim de conversar sobre isso no momento, mas você está há anos em um cargo de confiança, não deveria estar cometendo esses tipos de erros como se fosse uma iniciante, você não é! -

- Eu sei, sinto muito por isso. - Ela diz e sai.

Me levanto de onde estou e não dá para disfarçar que o Fernando esteja muito impaciente.

- Quer ir almoçar agora, meu amor? - Pergunto sendo polida.

- Não, Carol, estou cheio de problemas que precisam serem resolvidos.

- Imagino que possa fazer isso depois do almoço, Fernando. Você está uma pilha de nervos. - Falo e ele respira fundo.

- Você não deixa as coisas do ateliê para resolver depois, por que eu deixaria as minhas coisas para depois? - Ele me repreende com um humor péssimo.

- Eu estou apenas tentando cuidar do meu marido, você deveria deixar de me alfinetar o tempo inteiro, isso é muito chato. Eu estou aqui tentando fazer as coisas de uma maneira diferente, estou do seu lado, Fernando. Sei que você está segurando uma barra aqui com todos esses problemas na administração da fazenda. Não mine o nosso relacionamento com problemas de trabalho. - Falo perdendo a paciência e saindo de dentro da sala.

Quando saio da sala tem meia dúzia de funcionários, caminhando de um lado a outro parecendo bem ocupados em suas funções.

Apenas caminho para o lado de fora, precisando de um pouco de ar. Penso em voltar para a sede da fazenda, mas como estou sem carro aqui, a única maneira de fazer isso sem precisar pegar o carro do meu marido é indo a pé e só não faço isso pois não sei o caminho de volta. Respiro um pouco de ar fresco e observo do lado de fora da transportadora a Dodge Ram do Fernando parado em frente a empresa e ao lado uma Hilux branca que imagino ser da empresa também.

- Vamos almoçar na fazenda, Carol. - Sinto os braços do Fernando me abraçarem por trás e respiro aliviada.

Me viro para abraça-lo e dou um beijo carinhoso em seus lábios. Eu gostaria de poder ajudar mais o meu marido com tudo e confesso que estava tão focada em meu ateliê que acabei jogando meu casamento para escanteio, sem perceber que ele estava enfrentando tantos problemas e sem fazer nada para ajuda-lo.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo