Eu lembro de sentir o peso do meu corpo antes de abrir os olhos, como se o mundo estivesse mais silencioso do que deveria. Quando finalmente abro as pálpebras, vejo o Marcos ali, de novo, ao meu lado — mas dessa vez ele está dormindo. Olho em volta, percebo que tem outra cama disponível, mas ele preferiu ficar comigo. Está todo torto, segurando a minha mão. Fico um tempo só observando ele. Meu coração aquece… e ao mesmo tempo sinto uma pena tão grande de vê-lo desse jeito, desconfortável, exausto.
Inspiro fundo. Ainda tô frágil, mas tem algo diferente hoje… uma firmeza que não tinha antes. Eu quero me recuperar. Quero ver meus filhos.
— Tô acordada… de novo — murmuro, com a voz rouca, passando a língua pelos lábios secos, tentando chamar o Marcos.
O enfermeiro entra e sorri de canto ao me ver tentando acordá-lo.
— Bem-vinda de volta, Ana. Vamos tentar comer algo leve agora?
Ele coloca uma bandejinha com caldo e suco ao lado da cama.
Eu observo por alguns segundos, meio receosa de não