( Passado)KlausApós o pedido de casamento, alguns dias se passaram. Klaus e Alyssa estavam jubilosos com os preparativos.O segredo do noivado era cuidadosamente guardado nos corredores da empresa, mas ao saírem de lá, a intimidade florescia sem restrições.As visitas dele ao apartamento de Alyssa se transformavam em uma rotina gostosa, um refúgio particular para extravasarem a paixão avassaladora e normalmente as manhãs eram repletas do aroma de café fresco e risos compartilhados. Se não fosse o fato de ninguém ainda saber, nem mesmo sua amiga Hilda, seria perfeito. Porém, a calmaria do relacionamento deles não contava com as ondas violentas de um mar impetuoso.A tranquilidade foi quebrada pelo toque estridente do celular de Alyssa, enquanto terminavam de tomar o café para ir à Companhia.Ela atendeu, a expressão mudando de serenidade para preocupação. — Pai? Bom dia... Sim, estou acordada... O que aconteceu? Mãe precisa ir ao terapeuta? Entendo... Claro, eu a acompanho
As emoções de Alyssa se assemelhavam a um punhado de areia fugindo entre os dedos. Difícil de segurar.— Você me falou, Klaus, apenas que ele acabou descobrindo sobre nós dois, mas por que não falou do suborno? Com os olhos acusadores fixos em Klaus aguardava uma resposta plausível. Klaus apertou os maxilares. Não gostava de lembrar especificamente daquele assunto, embora as oportunidades no mundo do vinho surgiram por conta do seu desligamento da empresa. Girou o copo de vinho, o líquido rubi imitando a turbulência em seu interior. Ele a fitou de volta.— Eu não sabia como te dizer. Parecia tão absurdo, tão… incrivelmente baixo. Preferi focar no que importava: você. Controlar a raiva, a decepção, o rancor não estava fazendo efeito. Falou num tom firme e baixo:— Em mim? Não seria mais fácil ter falado toda a verdade? — Achei desnecessário fazer isso na época e me arrependo por ter omitido isso também.Ela fechou os olhos por um instante, tanto para pegar fôlego como para apla
Alyssa se afastava do restaurante a passos largos. A lembrança do dia em que pediu demissão e ter ido ao encontro de Klaus se materializou na sua memória. Assim que chegou na casa dele, notou-lhe triste e distante. Não parecia ser o seu amado Klaus. Havia uma certa frieza também, um olhar raivoso,, um silêncio obscuro por trás dos seus olhos azuis.— Me desculpa, Klaus, pelo meu pai... Ele é um covarde. Vamos dar um jeito.Klaus continuou em silêncio. Desviou o olhar para o alto como se não quisesse comentar o assunto. Alguns instantes depois, falou:— Deixa pra lá. Vou ficar bem.Ela se aproximou mais.— Pedi demissão. Klaus ficou subitamente pálido.— Oh, Alyssa, não precisava fazer isso... — Fiz e não me arrependo. De olhos fixos nela, agora sim, ela viu uma emoção. E sem se segurar, diminuiu a distância e o abraçou. Klaus, num instante, se transformou. O corpo dele respondia ao desejo que se instalava entre eles como uma forma de escape do problema.Não era o momento
A notícia sensacionalista que circulava sobre o "caos Petrakis em Santorini" espalhou-se como uma praga na Grécia. Alyssa só se deu conta disso ao assistir ao video com milhares de visualizações e comentários sarcásticos dos internautas, assim que encerrou a chamada de Saulo. Entre a indignação e a vergonha, enquanto voltava para o hotel, lembrou-se dos comentários mais curtidos. "Alguém me explica como um Petrakis pode ser assaltado e ainda ser motivo de piada? Saulo, você é único!" "Meu Deus, que barraco! a luta dos ex pelo coração de Alyssa Petrakis. Nem vou me arriscar" "A família Petrakis protagonizando o maior reality show em Santorini! Sem dúvida, são um imã para o caos! Preocupada, imaginava a repercussão na família, na empresa. Pior, o efeito desse escândalo para o patriarca, Heitor Petrakis. Se ele fez Damon, o CEO da companhia sair de Atenas para resolver a situação urgente era porque ele devia estar soltando fogo por todos os poros.Estacionou e entrou no hotel apre
KlausEle se mirava no espelho, prestes a seguir para o saguão onde aconteceria a premiação dos empreendedores do Festival. Enquanto ajustava a gravata, num nó perfeito, veio-lhe a lembrança de como aquele item era importante para Alyssa.Quando estavam juntos, ela fazia questão de conferir se sua gravata estava na posição certa ou se os punhos da camisa estavam devidamente alinhados. Ela afirmava que era um hábito com os irmão, o que explicava o motivo de ela ter alertado sobre sua gravata torta no primeiro dia em que se encontraram no elevador.Esboçou um sorriso ao lembrar da vez que ao finalizar sua inspeção, ela o fitou com profunda admiração e elogiou:— Que gato! Você está tão tentador! — Você pode fazer comigo o que quiser. Sou todo teu.Ela então alisou o seu peito por cima da camisa branca.— Se é assim, ninguém vai notar se nós nos atrasarmos, né?— Não estou preocupado com isso. Só importa fazer minha senhorita gatinha satisfeita.Naquele instante ele a prendeu nos bra
( Passado)Klaus A posição dela, a tensão em seus ombros, denunciavam o ciúme. Ele percebeu imediatamente que a ligação com Hilda pesava no ar. Deitou-se ao seu lado.— Amor, para com isso! — Ele acariciou o rosto zangado de Alyssa — Não confia em mim? Alyssa não respondeu, apenas se encolheu mais, como se quisesse desaparecer. Klaus sentiu um aperto no peito. Ele sabia que precisava fazer mais do que apenas explicar. Passou a mão suavemente em seus lábios, desejando beijá-los e aplacar a raiva dela. Alyssa virou o rosto, resignada e fixou os olhos para o teto. Era possível notar que ela estava se segurando para não explodir. Ele precisava reconquistar a confiança dela.— Alyssa... Você é a única que quero e que importa para mim, é sério. Ela voltou a encará-lo. Os olhos ciumentos continuavam confirmando o quanto ela estava chateada.— Será? Você fica todo derretido quando fala com ela e eu não gosto disso! — Como assim? – Aquilo era uma surpresa. — Não mudo o tom de voz
(Primeiro dia de festival- Junho 2021.)Klaus Ferranti recebia os elogios dos visitantes gregos e turistas no seu stand de degustação, satisfeito. O seu famoso vinho branco de Assyrtiko era um sucesso!A movimentação das pessoas que circulavam na praça do Fórum era intensa. Elas apreciavam com curiosidade a exposição dos produtos do décimo Festival Sabor Mediterrâneo, evento anual que dessa vez acontecia em Fira, sua terra natal, capital de Santorini. As iguarias da tradição gastronômica e o sabor dos vinhos gregos eram as atrações principais.O evento de três dias, ampliava para ele um leque de oportunidades, como participação em workshops e indicações de duas premiações: Sustentabilidade e de melhor vinho. Estar ali era um sonho acalentado por muito tempo e seus ancestrais italianos ficariam orgulhosos por tal proeza. Mesmo colocado à prova em todas as etapas do seu projeto, finalmente o seu esforço foi reconhecido e podia colher os frutos do seu árduo trabalho. Lutou brav
KlausO pensamento na belíssima mulher de olhos cor de esmeralda e riso como o som das águas tranquilas voltou sem esforço. Envolto numa nostalgia dolorosa, engoliu em seco.— Seja mais clara, Hilda, antes que eu fique paranóico.Ela riu, achando graça e olhando para os lados, chamou-o para perto de si. Sussurrou:— Os Petrakis estão participando do festival, então por curiosidade fui checar os expositores inscritos e adivinha o que descobri?Os olhos de Klaus cintilaram de esperança. Hilda balançou a cabeça positivamente, decifrando a fisionomia surpresa do amigo.— Sim, sua amada Alyssa participará do evento com um dos irmãos... Saulo. E o melhor, sem o demônio do pai dela para atrapalhar o caminho.Ele endireitou o tronco devagar. A confirmação do milagre o deixou estarrecido. A notícia mais desejada, em meio ao sucesso. O coração batia num compasso tão acelerado, que gaguejou:— A-Alyssa? Sério?— Yup! — Hilda exclamou, ao movimentar o braço para baixo, como se tivesse puxando