Capítulo 32 - Pulsação

Dante

Eu estava sentado na beira da cama do hotel, encarando a parede bege barata. O quarto tinha cheiro de produto de limpeza e solidão recém-arrumada. O relógio já marcava o fim da manhá, mas dentro de mim já era muito tarde, como se tivessem passados horas e horas.

Levantei e caminhei de um lado para o outro. Eu podia ir embora. Podia fazer o que faço há anos quando tudo explode: sumir por alguns dias, fingir que o mundo para sem mim, até a poeira baixar. Mas ela não era poeira. Ela era terremoto.

Peguei o celular e disquei o número de Evelyn.

Chamou.

Chamou.

Chamou.

Nenhuma resposta.

Tentei de novo. Nada. Só o silêncio completamente vazio como eco.

Soltei o ar devagar, sentindo o peso se acomodar nos ombros. Ela precisava de tempo. E eu… precisava aceitar isso.

Desci, fechei a conta no balcão com uma educação mecânica, e saí para a frente do hotel com a sensação de que estava fazendo a coisa errada — como quase tudo o que eu fazia quando se tratava dela.

O
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