Evelyn
Fechei a porta com mais força do que pretendia e precisei encostar nela para não desmoronar no meio da sala. O frio da madeira atravessou o tecido do meu casaco como se quisesse me lembrar que aquilo era real. Que ele esteve ali. Que falou o que falou. Que me entregou verdades como se fossem bombas embrulhadas em desculpas.
Meu peito subia e descia rápido demais. Não doía em um lugar só. Doía em todos. A cabeça, o estômago, os olhos.
Passei a mão no rosto, tentando limpar um choro que eu me recusava a derramar ali, naquela casa que ainda não era minha, mas que já parecia mais minha do que qualquer outro lugar no mundo naquele momento.
Subi as escadas quase sem sentir os pés. Cada degrau parecia me levar mais fundo dentro de mim mesma, e não para cima. Entrei no quarto e fechei a porta atrás de mim, apoiando a testa nela por alguns segundos.
Respira, Evelyn. Só respira.
Tirei o casaco e o joguei sobre a cama, e fui até a janela, mas não tive coragem de olhar para f