Dante
Eu fiquei parado ali, segurando aquele buquê enorme como se ele fosse um escudo ridículo contra qualquer coisa que eu pudesse sentir.
Evelyn abriu a porta e me encarou como se eu fosse um estranho… e, ao mesmo tempo, como se eu fosse alguém que ela já conhecesse demais. O rosto ainda guardava aquela expressão de quem não dormiu direito. Os olhos fundos, a pele pálida demais para alguém que sempre pareceu feita de luz.
Eu engoli em seco.
— Desculpa aparecer tão cedo… — minha voz saiu mais baixa do que eu planejei. — Eu… eu estava mesmo muito ansioso para falar com você.
Ela hesitou por alguns segundos longos, como se o gesto mais simples do mundo — abrir totalmente a porta — fosse, na verdade, um risco enorme.
Mas abriu. Deu espaço para eu entrar.
O calor da casa da tia dela atravessou meu corpo como um cobertor inesperado. O cheiro de café fresco me atingiu junto com uma pontada de realidade: eu não pertencia àquele lugar. Eu era um corpo estranho ali dentro.
—