Dante
Estacionei o carro encostado na guia, o motor ainda vibrando sob minhas mãos. Meu corpo inteiro estava tensionado, como se eu tivesse segurado a respiração durante toda a viagem. O endereço no papel parecia prometer uma resposta, um fio dessa bagunça que eu mesmo tinha ajudado a criar. Toquei a campainha uma, duas, três vezes, tentando manter o pânico quieto dentro do peito.
A porta finalmente abriu. Uma mulher de cabelo curto, grisalho nas pontas, me encarou com a serenidade de quem não esperava visita alguma.
— Estou procurando por Elizabeth Rowan. Ou… Betty Rowan — falei, tentando manter a voz firme.
A mulher franziu o cenho.
— Não mora nenhuma Betty aqui.
A frase me atravessou como uma pedra no estômago.
— Sabe onde ela mora? Alguma informação… qualquer coisa?
Ela respirou fundo, apoiando a mão na porta.
— Eu sou Clarice. Me mudei pra cá faz uns cinco anos. Mas lembro do nome Betty sim. Sei que ela morava aqui antes. Nunca cheguei a conhecê-la, então não