Dante
Eu já tinha ensaiado o discurso inteiro no caminho até o escritório do Henry. Uma conversa limpa, racional, quase clínica. Era o que eu precisava. Nada de emoção, nada daquele terremoto que Evelyn tinha virado dentro de mim. Eu só precisava entender a parte legal da situação. Só isso.
Óbvio que eu estava mentindo pra mim mesmo.
Quando empurrei a porta do escritório dele, Henry me olhou como quem já sabia que vinha problema. Ele sempre teve essa cara de quem lê manchetes antes de elas existirem.
— Dante — disse, ajeitando os óculos — Acho que estava esperando você.
Fechei a porta devagar, tentando manter o controle.
— Eu preciso falar sobre a tutela da Evelyn. Precisamos analisar o que acontece se...
Ele levantou a mão, cortando minha fala com a maior tranquilidade do mundo.
— Você e Evelyn não querem mais essa relação de tutela. Certo?
A pergunta bateu no meu peito como um soco direto. Meu corpo ficou quente, depois frio, depois quente de novo.
— Por que di