Evelyn

Ficar no quarto era a escolha mais óbvia. O jantar parecia um campo minado e, honestamente, eu não tinha mais energia pra pisar em nada que pudesse explodir entre nós. A tela à minha frente pelo menos não me julgava, não respirava pesado, não tinha olhos que invadiam tudo em mim. Mergulhei o pincel no azul mais escuro que encontrei, tentando afogar o resto do dia naquela cor.

O problema é que a casa inteira parecia respirar com ele. O cheiro dele ainda estava impregnado na minha pele, mesmo depois do banho. A lembrança daquela manha, estando tão perto dele, era forte demais… isso estava me destruindo. E eu nem queria admitir que mexia comigo.

Quando ouvi as batidas na porta, tentei não demonstrar nada. Disse que podia entrar, porque quem quer que fosse, não queria que me vissem tremendo por dentro.

Os passos foram o alerta. Pesados, firmes, inconfundíveis. O ar realmente muda quando ele chega. É como se o ambiente ficasse mais estreito, mais quente, mais consciente