Dante
O escritório estava silencioso, mas minha cabeça não. Eu tentava ler um relatório que tinha chegado cedo, tentava focar nas palavras, nas colunas, nos números — qualquer coisa que não tivesse o formato do corpo de Evelyn deitada na minha cama. Falhei miseravelmente.
Eu ainda sentia o calor dela na minha pele. A respiração tranquila. O jeito como ela se encolheu, totalmente indefesa, totalmente entregue, como se minha cama fosse o único lugar seguro do mundo pra ela. E justamente por isso eu devia ter sido mais cuidadoso. Mais racional. Mais… adulto. Em vez disso, fui ríspido. Estúpido. Tentei erguer um muro que eu mesmo já sabia que estava rachando.
A verdade é que eu não queria que ela parasse de aparecer ali. Daquele jeito. Daquele tamanho. Daquela forma tão inocente que mexia com partes minhas que eu passei a vida inteira enterrando. Evelyn era caos e calmaria ao mesmo tempo, uma contradição ambulante que fazia meu corpo reagir e minha mente entrar em colapso.
Eu es