Dante
A taça de vinho estava quase vazia quando percebi que não sentia mais o gosto de nada. Só um amargo preso na garganta — e não era do vinho. Fiquei ali, sentado na penumbra, encarando o fogo que dançava na lareira e tentando entender o que diabos estava acontecendo comigo. Evelyn tinha o dom irritante de me desestabilizar. Eu a evitava, e quanto mais fazia isso, mais ela tomava espaço dentro da minha cabeça.
Era um tipo de provocação silenciosa. Ela não precisava dizer nada. Mas o jeito como me olhava, como desviava os olhos depois, como o riso dela parecia nascer só pra me testar… tudo nela me puxava pra um limite perigoso. Eu sentia o corpo reagir, a mente resistir, e o resultado era esse: um caos que me deixava exausto.
Pensei que talvez o melhor fosse resolver isso do modo que sempre resolvi. Nada de sentimentalismos, nada de dilemas morais. Só instinto. Peguei o celular e deslizei o dedo pelos contatos. Alguns nomes piscavam na tela — mulheres que eu sabia que atende