Dante
Katherine girava o vinho na taça, o rubi líquido refletindo a luz amarela do abajur da sala. Eu a observava sem realmente vê-la. O som da lareira queimando parecia mais interessante do que qualquer coisa que ela dizia.
— Você está estranho hoje — disse ela, cruzando as pernas. — Quase não falou uma palavra desde que saímos da mesa.
Suspirei, apoiando o cotovelo no braço do sofá.
— Só estou um pouco cansado.
— Cansado? — Ela riu baixo, sem humor. — Dante, você sempre foi o tipo de homem que encontra energia até no caos. O que está acontecendo?
Balancei a cabeça, tentando formular uma resposta que não soasse como uma confissão.
— Desde a morte do meu pai, tudo virou de cabeça pra baixo. A empresa, os acionistas, as propriedades, os advogados... — dei um gole no vinho, o sabor seco e forte descendo como um lembrete de que eu ainda estava desperto. — Ele deixou um rastro de decisões inacabadas, promessas quebradas. E eu estou tentando resolver tudo.
Katherine me ob