LAIKA
Segui Karim até as colinas e o encontrei contemplando os vales lá em baixo. Reduzi o passo e me aproximei devagar. Eu precisava deixá-lo claro que nada havia entre Morpheus e mim, ainda que nem devesse justificar-me. Afinal, ele mesmo dividia a cama com Erika. Dois erros, porém, não se transformam em acerto, e, se o ciúme lhe corroesse o peito, eu talvez encontrasse uma fenda na maldição. Não disputávamos quem machucaria mais o outro, embora Karim não hesitasse em ferir-me. Ele era o único enredado pelo feitiço, e eu precisava manter tudo em equilíbrio se quisesse tê-lo de volta.
— O que você quer? — Perguntou ele, a voz grave e áspera.
Limpei a garganta. Ao menos ele desejava saber por que eu estava ali. Eu, na verdade, contava que me expulsasse. Aproximando-me mais, permaneci ao seu lado. Ele não me lançou nem um olhar, mas notei o corte ainda aberto em seu peito. Já deveria ter cicatrizado.
— Você não está se curando. Por quê? — Indaguei.
Ele continuou sem me encarar, o olhar