LAIKA
Abri os olhos e deparei-me com a imensa silhueta de Karim, que caminhava de um lado a outro na tenda. A penumbra dominava o interior, iluminado apenas pelo tremular das lanternas presas às estacas. Sentei-me, atônita, até que as lembranças recentes desfilaram diante de mim.
O estranho na floresta.
O que ele fizera comigo? Olhei para o próprio corpo. Meu vestido permanecia intacto. Como chegara ali? Qual era mesmo o nome dele? Molart?
— Morpheus. — Rosnou Karim, como se tivesse adivinhado meus pensamentos.
Quando ergui o olhar, encontrei aqueles olhos verde-escuros cravados em mim. Um vazio gelado formou-se no estômago e, pelo cerramento do maxilar dele, percebi que algo não ia bem. Já não sentia o vínculo que nos unia como companheiros, mas continuava a amá-lo, mesmo depois de tudo. Lembrei, porém, que ainda estava irritada e senti a raiva crescer de novo. Lancei-lhe um olhar desafiante, preparada para o pior.
— Você despertou. — Afirmou ele, numa voz surpreendentemente calma e s