LAIKA
Eu não conseguia repousar. Pensamentos demais se atropelavam na minha cabeça e eu sabia que precisava conversar com Karim. Podia fingir que não me sentia magoada, mas o nó no peito não me deixava esquecer. Quando, afinal, a minha vida se estabilizaria para sempre? Deveria ser o momento de desfrutar a paz ao lado do meu companheiro, contudo, lá estava eu, outra vez, lutando para permanecer perto dele. Karim já se enfurecera com as regras que instituíra — eu tinha certeza de que não se importaria se ainda se lembrasse de mim. Pensei em chamar uma vidente para descobrir o que ocorrera, porém temia a reação dele.
Sobressaltei-me sobre a pele de animal ao ouvir um ruído do lado de fora. O Bando permanecia em silêncio, quase todos recolhidos às próprias tendas. A sombra dele tomou parte da lona antes que surgisse de súbito na abertura. Talvez pela postura sombria dos últimos dias, parecia ainda mais intimidante. Fitei os olhos verdes, outrora cheios de ternura e admiração, que agora me