Antonella
O quarto do hospital é silencioso demais para um coração cheio de lembranças como o meu. Alonzo está acordado, mas não completamente presente. Ele me olha como se me conhecesse e, ao mesmo tempo, como se eu fosse alguém que apenas cruzou o caminho dele um dia.
Seus olhos deslizam pelas paredes brancas, pelo soro, pela luz fraca, até pararem em mim.
— Você esteve ao meu lado esse tempo todo? — ele pergunta, com uma voz rouca, ainda distante.
— Todos os dias desde o acidente. — respondo, tentando sorrir.
Ele engole em seco como quem sente algo, mas não sabe nomear. Pego minha bolsa, sento-me ao lado da cama e retiro os documentos, as fotos, os vídeos.
— Quero te mostrar uma coisa.
Ele observa minhas mãos, e não meu rosto. Está distante. Mas está aqui. Entrego a ele a certidão de casamento. Ele segura como se fosse frágil demais.
— Antonella Bellini Karvell. — lê. — Antonella Bellini… e Alonzo Dustin Karvell…
Ele olha para mim.
— É oficial.
Mostro os vídeos e fotos dele com os