Antonella
Quando entramos na biblioteca, os funcionários já tinham ido embora. As luzes estavam mais baixas, a madeira das prateleiras deixava o ambiente aconchegante e sufocante ao mesmo tempo.
Parei em frente a uma das estantes, de costas pra ele.
— Foi um erro. — falei, sem rodeios. — Não vai se repetir. Então para de tentar se aproximar, Alonzo.
Senti ele parar a poucos passos de mim.
— Um erro. — repetiu, com voz baixa. — É isso que você acha?
Virei, cruzando os braços.
— Acho não. Tenho certeza. Você insiste em aparecer na minha vida como se nada tivesse acontecido. Você é bom em fingir que as coisas graves são pequenas.
Ele apertou o maxilar.
— Você queria tanto me esquecer… — disse, com um meio sorriso irônico e machucado. — Por que se entregou daquele jeito, coelhinha?
— Não me chama assim. — rebati, entre dentes. — E você sabe muito bem que não tem moral pra jogar essa pergunta em cima de mim.
Tentei sair de perto, mas ele se moveu rápido. O braço dele encostou na estante a