Alonzo
Do outro lado, Axel fica calado por um momento.
— “Você precisa ser homem para as duas coisas.” — ele fala por fim. — “Para ouvir “não” e para tentar de novo. Você foi homem suficiente para assinar contratos. Seja para pedir perdão.”
— Perdão não apaga marca. — digo baixo.
— “Não apaga. Mas pode impedir que você repita.” — ele respira. — “Eu te conheço. Você está se punindo. E acha que isso é moral. Não é. É fuga.”
Não respondo. Fico olhando para minha mão. Há um machucado na junta que ainda não cicatrizou direito.
— “Eu não sou terapeuta, Alonzo.” — Axel continua. — “Só teu amigo. E teu amigo está dizendo: come, toma banho, liga para a terapeuta, fala com a família da Antonella, pede um encontro. Se ela disser não, respeita. Se disser sim, vai de joelhos.”
— Você acha que ela falaria comigo?
— “Não sei. Mas sei que do jeito que está você não fala com ninguém, então você vai morrer seco por dentro. E você não é isso que sussurra na sua mente.”
— Sou, sim. — respondo, sem força.