Capítulo 30

Alonzo

Do outro lado, Axel fica calado por um momento.

— “Você precisa ser homem para as duas coisas.” — ele fala por fim. — “Para ouvir “não” e para tentar de novo. Você foi homem suficiente para assinar contratos. Seja para pedir perdão.”

— Perdão não apaga marca. — digo baixo.

— “Não apaga. Mas pode impedir que você repita.” — ele respira. — “Eu te conheço. Você está se punindo. E acha que isso é moral. Não é. É fuga.”

Não respondo. Fico olhando para minha mão. Há um machucado na junta que ainda não cicatrizou direito.

— “Eu não sou terapeuta, Alonzo.” — Axel continua. — “Só teu amigo. E teu amigo está dizendo: come, toma banho, liga para a terapeuta, fala com a família da Antonella, pede um encontro. Se ela disser não, respeita. Se disser sim, vai de joelhos.”

— Você acha que ela falaria comigo?

— “Não sei. Mas sei que do jeito que está você não fala com ninguém, então você vai morrer seco por dentro. E você não é isso que sussurra na sua mente.”

— Sou, sim. — respondo, sem força.
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