O céu lá fora parecia pesado, como se compartilhasse o mesmo silêncio que pairava sobre a casa. Depois de uma noite tão agitada, todos provavelmente dormiriam até tarde. Foi o que Kael pensou até ouvir o som do riso abafado vindo da cozinha.
Kael parou no corredor ao ouvir o som. Era a risada dela, aquele som rouco e despreocupado que sempre aparece até nas piores horas. Ele seguiu aquele som maravilhoso, mas cerrou a mandíbula ao ver a cena que se desenrolava.
Andrômeda estava sentada à mesa com Marcel, os dois compartilhando um pedaço de torta improvisada feita por Boldar. Ela ria com a mão na boca, o olhar iluminado por algo leve e raro: paz.
— Essa foi a pior tentativa de piada que já ouvi — disse ela, limpando os olhos, ainda sorrindo.
— Eu tento, mas você nunca valorizou o meu humor refinado — respondeu Marcel, inflando o peito com falso orgulho. — Você costumava rir mais. Parece que a falta da Rarim te deixou rabugenta.
O clima da cozinha ficou estranho.
— Desculpa,