- Você tem alguma coisa para me falar? - me pergunta Rafael, depois que nosso professor mais carrancudo sai da sala de aula, fechando a porta com força.
- Que essa aula foi insuportável? - brinco, erguendo uma sobrancelha com um sorriso meio forçado. Sei exatamente aonde ele quer chegar.
Por que o Pedro tem que ficar falando dessas coisas justo para ele? “Pedro, boca de caçapa”, insulto-o em minha mente.
Seus olhos me encaram com certa impaciência, as sobrancelhas levemente franzidas e escuto seus pés batendo contra o chão insistentemente.
- Sobre seu fim de semana… - sua voz sai baixa, quase falhando. Em seus olhos noto um pouco de mágoa. Está claro que ele sabe.
Passei a primeira aula inteira evitando olhar para ele, mas agora o encaro de verdade. O ar parece mais denso entre nós, é incomodo. Eu gosto dele. Sei que gosto. Mas gostar de alguém que não pretende me escolher, é dolorido. Suspiro.
- O que você quer saber? Seja direto… - digo de forma ríspida, como se eu quisesse af