- Eu realmente sentia falta de ter uma mãe - confesso, um pouco envergonhada. Me sinto um pouco triste por achar, de algum modo, que dizer isso em voz alta é sinal de fraqueza.
Pedro fica em silêncio, com seus olhos fixos no teto. Porém, o silêncio não dura muito, em voz baixa, ele murmura para mim:
- Eu também sinto muita falta da minha…
Estranhamente, eu consegui sentir a tristeza dele daqui.
- Eu nem me lembro dela direito, na verdade. Quando ela morreu, eu tinha só seis anos…
Eu espero ele dizer mais alguma coisa, mas ele se cala novamente.
- Ela morreu de quê? - pergunto, sem pensar muito, talvez sendo até mesmo indelicada.
- Câncer de mama. - responde, não parecendo ter se importado com a pergunta, mas igualmente triste - Sei que você acha que eu deveria ser grato a sua mãe e tudo mais… Já que ela cuidou de mim por oito anos…
- Mas…
- Mas não é bem assim. - ele suspira e se vira para mim - Posso te contar o que eu realmente penso? Mesmo que pareça um pouco ofensivo para você?
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