Olho para Rafael sentado a meu lado, rabiscando algo em seu caderno e deixo minha mente vagar pelo fim de semana que tive. O fim de semana, como sempre, passou voando e claro que depois do selinho que Pedro me deu, eu saí correndo para o banheiro, escovar meus dentes. Não é que eu tenha gostado, ou odiado, na verdade, é indiferente, mas por algum motivo eu fiquei mais consciente sobre minha higiene pessoal. Depois do contato dos nossos lábios ele não tentou mais nada, inclusive nem cheguei a ver ele mais pelo resto do dia. O que, de certa forma, foi um alívio, apesar de me lembrar bem da sensação e do cheiro do seu hálito até agora. - Por que está me olhando tanto? - comenta Rafael ainda com a atenção em seu caderno. Seus cabelos ondulados se movimentam suavemente com a brisa que entra pela janela. - As vezes eu só foco em um ponto e fico pensando em coisas aleatórias, você nunca fez isso? - pergunto para ele, seu rosto se vira para mim. Noto que ele está um pouco para b
Ao final da aula nosso grupo se juntou rapidinho para salvar o contato de todos e criamos um grupo para a gente, apesar de que ninguém mandou nada a ninguém. Finalmente caminho até a saída com Rafael, indo para o carro do Pedro, como de costume. Ele e Anna já estão parados do lado de fora, apenas esperando por nós, conversando entre eles e rindo. Anna empurra ele um pouco, usando sua mão contra o peitoral dele e ele segura sua mão, revidando com cosquinhas em sua cintura. Assim que eles nos veem, Anna sai de perto dele e vai em direção a Rafael. Rafael caminha em direção a ela também, lhe dá um abraço e um beijo apaixonado, diz que sentiu saudade e ela também retribui falando coisas fofas para ele. Anna passa suas mãos pelo cabelo dele, tocando suas mechas onduladas de forma gentil e amorosa. - Parece que você está cada dia mais lindo, meu amor!- e então me olhando acrescenta - Tenho que tomar cuidado para não surgir pessoas querendo roubar você de mim. Reviro os olhos para
[…] Todos optamos por um sorteio e o resultado foi aceito por todos. Heathcliff seria interpretado por Augusto, eu seria seu par, Catherine, já Rafael seria Edgar e Camila e Diana as empregadas que estarão presentes na cena, como coadjuvantes. Assim que o resto a gente resolveria na outra semana. Fiquei triste por Rafael não ter saído com o papel principal, mas feliz porque algumas falas juntos teríamos. Em alguns minutos sairíamos para ir à festa do tal do Juninho, mas olho minhas roupas e não gosto de nenhuma. “Me imagino que as garotas vão estar deslumbrantes e eu… parecendo um saco de batata”, penso ao me olhar no espelho e ver meu vestido preto curto de mangas largas e decote com recorte quadrado. Simples, que me custou nada mais nada menos que 50 reais. O vestido é daqueles que cola no corpo, mostrando bem a silhueta da pessoa. No meu caso, a única coisa bonita que mostraria seria minha cintura. Já que peito está em falta e minha bunda é bundinha. Me olho no espelho mais
A primeira coisa que noto é Rafael, ele usa uma camisa branca lisa, uma bermuda preta e um tênis da Nike, preto com branco, que casa perfeitamente bem com seu outfit. Seu visual é despojado. Dessa vez está bem aparente seu colar com o anel de compromisso ao redor do seu pescoço. Já Anna usa uma mini saia de couro no tom preto, um coúrset branco que destaca bem seus peitos, combinado o look com o do seu parceiro e nos pés, ela usa uma sandália de saltos finos. Seus cabelos dourados faziam leves ondas por todo o comprimento. Ela está maravilhosa. Uma pontada de inveja me atinge, o que me deixa para baixo. “Como ele repararia em mim, quando tem ela ao seu lado?”, me indago sentindo-me estúpida. Pedro chama todos para o carro e diz que o melhor vai começar agora. […] - O que é isso no seu pescoço? - me interroga Rafael notando a marca vermelha sobre minha pele pálida. Eu e ele decidimos ficar em um canto curtindo a festa enquanto Pedro e Anna se divertiam com o povo da sala de
Rafael me olha achando graça. - Está defendendo minha namorada agora? Achei que vocês não se gostassem? - perguntou ele soltando um riso. - A gente não se gosta. Estou apenas falando algo que eu sei. Fatos são fatos. - ele se afasta um pouco de mim e me lembro de respirar novamente. - Mas se ela tem um melhor amigo que não sou eu, por que eu não posso ter uma que não seja ela também? - mal me lembro de respirar e sua intensidade me atinge novamente. Mas ele tem razão. Eu penso igual, em um relacionamento tem que ter igualdade. - É, você tem um ponto. Eu concordo com você. - digo a ele, relaxando meu corpo. Talvez realmente não seja nada demais estarmos aqui. “Você tem que parar de se iludir com qualquer coisa” digo a mim mesma. Ele sorri, sem malícia ou intenção romântica. Não sei dizer se me sinto aliviada ou desapontada. - Finalmente. Agora me diz… - ele toca em meu pescoço novamente - O que foi que aconteceu aqui? - seus dedos tocavam a marca do chupão gentilmen
Rafael ri como se eu tivesse contado uma piada para ele. - Eu não tenho intenção de fazer isso. - responde curto e direto. Logo escutamos alguns passos e vozes perto da gente. Era Anna sendo ajudada por Pedro a caminhar. - Não imaginava que íamos perder tantas vezes… - escuto ela dizer - Hei, você! Ela aponta para mim, e como quem se sente culpada me afasto um pouco do namorado dela. Ainda acho apavorante a ideia de brigar com uma mulher por causa de homem. - Você está bem bonita hoje! - ela diz com sua voz de bêbada, me pegando de surpresa com o comentário. - Anh… Obrigada?! Eu acho… - respondo a ela ainda confusa. Ela vem em minha direção e me abraça, colocando seus braços em volta do meu ombro e logo se ajeitando. - Vem! Vamos tirar um foto. - bastante sociável e actuando como se fôssemos melhores amigas, ela pega seu celular e tira uma foto nossa, uma foto toda tremida. - Por que vocês dois não vem se divertir com a gente? Vocês parecem dois excluídos assim…
Deixar a casa do meu pai para ir viver com a minha mãe, nunca, jamais havia passado pela minha cabeça nesses 8 anos dos quais não vi ela. Até porque quem decidiu acabar com a família foi ela, quando traiu meu pai sabe se lá quantas vezes. Mas enfim, aqui estou eu, na porta da casa dela ao seu lado para uma nova etapa da vida, depois de não aguentar mais o maltrato da nova mulher do meu pai. Ainda é esquisito ver ela, a que se diz minha mãe. Continua bonita, mas diferente. Sempre tivemos o cabelo tão preto quanto à noite, porém agora seus cabelos tem um tom de loiro que faz destacar ainda mais suas sobrancelhas escuras. - Você vai gostar dele, ele é bem tranquilo, acho que vocês vão se dar bem! - ela dizia empolgada sobre algo que não escutei bem enquanto abria a porta. Assim que ela abriu a porta eu dei uma olhada curiosa para ver em que tipo de lugar ela vive, já que nos deixou por um homem rico e realmente a casa é incrível. Tudo nesse lugar grita: valho muito, e isso só me fa
Eu nunca tive realmente medo de algo, mas comecei a ficar meio ansiosa por ver Pedro em todo lugar da casa, nos corredores, na sala, na cozinha, onde eu estivesse, parecia que ele estava lá. O jeito que ele me olhava fazia todos os meus pelos do braço se arrepiarem, como se algo dentro de mim me avisasse que eu deveria me proteger, que algo ruim aconteceria. Seus olhos pareciam querer desnudar até a minha alma, ele analisa sempre tudo que faço, tudo que falo e até como me movo. O que significa isso? Que ele me ache uma intrusa tão insuportável assim? Ou algo a mais? As vezes ele me faz pensar até que ele me deseja, já que me olha tanto, mas por outro lado, como me olha parece que sou simplesmente um nada, um inseto insignificante andando perto dele e o incomodando com minha presença. Os dois casos, me causa náusea. Sua presença também é um incômodo para mim. “Espero que o fim de semana passe rápido” pensei comigo suspirando pela milionésima vez ao ver ele pela casa. Fui para o ú