Cap.73

Dois dias se passaram desde o episódio em que a febre de Ângela quase a consumiu. Agora, embora ainda não estivesse com toda a energia de volta, ela se sentia significativamente melhor. O corpo já não doía tanto, os tremores cessaram, e parecia que o processo tinha sido bem‑sucedido. Ela estava feliz por isso, mesmo que isso também a deixasse em pânico.

Valerius estava sendo quase sufocante em seus cuidados. A cada três horas, surgia com algo para ela comer: frutas cortadas, mingaus nutritivos, caldos naturais ou vitaminas espessas em copos altos. Ela reclamava, mas no fundo sabia que ele só queria ajudar.

Naquele final de tarde, ela estava sentada na poltrona perto da janela do quarto, vestindo um moletom largo e segurando uma xícara de chá morno. Valerius estava de pé, organizando alguns livros sobre a cômoda, quando ela suspirou alto e disse, meio sem pensar:

— Ele está me evitando... eu não aguento mais isso...

Valerius parou por um segundo, como se não tivesse ouvido bem.