Meu corpo parecia estar sendo eletrocutado. Cada vez que ele abria a boca, meu corpo respondia. Estamos longe da Baía da Espuma, então por que estou me sentindo assim? Meu corpo queima. O frio na minha barriga, ao invés de me congelar, me aquece. Não sei o que acontece quando ele age assim... dessa forma que eu não sei descrever. Ele tem efeito sobre mim. — Aai... — deixei escapar um gemido que não deveria enquanto ele me colocava sobre a mesa. Ele me olhou como se fosse me devorar, mas parecia estar com raiva. — Eu não posso fazer isso. Se você disser não, vou usar o resto da minha racionalidade pra sair daqui. Eu não ouvi nada do que ele disse. Só o jeito como falava devagar e ofegante fazia eu me sentir embriagada. Toquei a boca dele com o dedo, deslizando até o peito. — Eu vou fazer o que você quiser. Ele parecia queimar enquanto eu falava. Eu sabia que havia raiva ali, mas não sabia que sentimento era aquele que deixava seu olhar como o de um lobo faminto diante de
TESSAR VRYNN Eu deveria estar saciado. Mas nunca estou. Liora dorme ao meu lado, a pele marcada pelos meus dedos, pelos meus dentes. Ela pertence a mim. Não porque a conquistei, mas porque a tomei, e ela me deixou tomar. Seu peito sobe e desce, tranquilo, como se os últimos minutos não tivessem sido um caos de suor, gemidos e promessas feitas entre suspiros. Mas sei que não está dormindo de verdade. Seu corpo está mole, mas sua mente ainda vagueia. Eu poderia acordá-la. Poderia puxá-la para mim, fazê-la gemer meu nome outra vez, até que ela não tivesse força para fugir. Mas algo dentro de mim me mantém parado, observando-a. Minha mão desliza por sua pele, traçando os hematomas que deixei. Seu pescoço está vermelho, os lábios inchados. Ela se mexe sob meu toque, suspira baixinho. Ela gosta. De ser marcada. De ser tomada. Minha. Minha. Minha. Fecho os olhos e respiro fundo, forçando meu corpo a relaxar. O cheiro dela ainda está em mim. A noite foi embora devagar,
LIORA NIX Doze dias se passaram. Eu já estava me acostumando a cuidar da tripulação, ajudar a limpar aves, pegar água e, às vezes, depois de Tessar dormir, Alarde Garrick me ensinava a navegar ou a lutar. O velho Bjorn sabia várias histórias antigas sobre a Deusa do Mar e seus feitos aterrorizantes. E eu sempre prestava atenção—lendas se tornam lendas porque são importantes. O mastro do navio finalmente foi reposto, e as velas, costuradas. Fiquei assustada quando vi que Tessar usou uma parte da pele de Asher e Jorrik para costurar a bandeira no navio. Mas não disse nada. Tessar parecia estressado nos últimos dias, e eu não queria problemas. Ele pediu que eu dormisse no navio. Creio que suspeite das aulas de Garrick. Tomara que ele não o machuque... Eu não me perdoaria. Saímos da ilha antes do amanhecer. O mar estava calmo, mas uma tempestade crescia dentro de mim. Eu sabia que ela voltaria. E se, dessa vez, não houvesse uma ilha por perto? Toda a tripulação poderia morrer. Iss
Tessar Vrynn O vento cortava como facas, e as ondas levantavam o navio como se fosse um brinquedo. — Capitão! — Garrick gritou. — Não podemos abrir mão dos suprimentos! A próxima ilha está a quase doze dias daqui! Pensei por um instante, imaginando o que faria. — Todos abaixo! Apenas cinco homens comigo no convés! Recolham as velas e preparem os remos! — Capitão, pode ser... — Agora, Garrick! — o interrompi. — Não vou perder ninguém aqui hoje. Ele ficou, junto comigo, enquanto o restante da tripulação desceu para segurar os remos, caso o mar tentasse nos afundar. Estavam assustados. Qualquer pirata ficaria ao ver o tamanho das ondas colossais que nos atingiam. O cheiro de lírios inundou o ar no instante em que uma onda monstruosa se ergueu diante de nós. Eu me preparava para a morte quando a vi no convés. Liora. Estava de pé, os braços abertos e os olhos brilhando em âmbar. Sangue escorria de seus pontos abertos, misturando-se à água da chuva. — Porra,
No sétimo dia, Liora parecia querer mexer com a minha mente: seus olhares subliminares, seus toques atrevidos, seu jeito de falar. "Não posso fazer isso. Ela ainda está ferida. Vou mantê-la segura de mim", pensei, encostando-me ao leme para que os outros não percebessem a minha ereção involuntária, causada por Liora. Naquela noite, no convés, senti o cheiro de lírio. São seis meses no mar, e ela ainda tem cheiro de flor fresca. Meu Deus, eu amo essa mulher. Vi-a passeando entre a tripulação, que conversava com ela como se já fosse um deles. E realmente parecia que ela era uma pirata. Usava um vestido claro e leve, que mais parecia uma roupa de baixo. Estava aprendendo sobre navegação com Garrick, lendo mapas e, curiosamente, apaixonou-se pelo mapa do Fosso — influência das histórias de Bjorn, imagino. Quando me viu, curvou-se sobre a mesa, marcando cada curva daquele corpo moreno que me tirava do sério. O cabelo cacheado, molhado, escorria pelo pescoço, e ela fez questão de ar
Oi, meus amores! O livro Obssessão Abissal foi editado para aprofundar mais a história. Espero que vocês gostem! Votem bastante e sigam a escritora. Beijos. --- Liora nix Eu sempre me perguntei como Baltazar havia se sentido quando a onda o arrastou para o fundo do mar. Perguntei-me se ele havia sofrido em seus últimos momentos ou se finalmente conseguiu encontrar a liberdade que tanto desejava. Agora, enquanto sinto o abraço do mar, creio que só na hora da morte ele foi livre. A água salgada invadiu minha garganta. Meus pulmões imploravam por ar. Meus olhos arderam como se alguém os estivesse esfregando com vidro moído. Mas eu sorri. Sorri porque doía menos do que no convento. Porque, pelo menos, eu sabia que o mar não me batia por prazer. Eu estava afundando, os braços abertos, minha roupa se enchendo de água e me arrastando para o fundo. A dor me trouxe as lembranças que eu queria esquecer. Lembrei-me do convento, de tudo que vivi lá, de tudo que provavelmente não teria acon
Quando despertei, o padre veio até mim. Disse que as freiras haviam pago pelo meu pecado, mas que, para entrar no céu, eu também teria que pagar uma penitência. As dez chicotadas que se seguiram não doeram tanto quanto o cheiro que ficou na praça naquele dia: corda queimada, sangue velho e o perfume de lavanda que Madre Lourdes sempre usava, agora misturado ao fedor da morte. Dez chicotadas. Uma para cada ano da vida de Baltazar. A primeira arrancou minha carne. A nona me fez morder a própria língua. Na décima, já não sentia mais nada. O açougueiro sorria ao lado do padre ao me ver sem forças para levantar. Foi a última vez que chorei na frente de alguém. Nunca mais faria isso. Mas, naquele dia, aprendi algo: a dor tem limite. Se passar dele, vira apenas... silêncio. Quatro dias se passaram até que as novas freiras chegaram. Elas tinham cheiro de álcool e suor. Elas não eram como as outras. Nem pareciam freiras. Se o mundo dos mortos tiver portas, eu garanto que essas m
Como a felicidade não dura para sempre... Mãos grossas me arrancaram da água. "Que porra é essa?", um homem rosnou, cuspindo água salgada. Tinha olhos mais escuros que a meia-noite e uma cicatriz cruzando o pescoço. "Me deixe!", gritei, arranhando seu rosto. "Eu não quero viver!" Ele riu. Um som áspero, como pedras se batendo. Minha raiva não me deixou ouvir o que ele falava. Meu coração batia tão forte que eu só pensava em voltar para o mar e terminar o que comecei. Mas ele me jogou sobre o ombro como um saco de farinha e me arrastou até a praça da cidade, tornando-me a atração principal da vila outra vez. Ele parecia ter uns 22 ou 23 anos. Não importava. Eu só queria machucá-lo. Seus olhos estavam fixos em mim enquanto meu corpo congelava de frio e medo. As freiras me encontraram. Meu Deus, aquele com toda certeza seria meu fim. Mesmo ouvindo o que ele dizia, eu não prestava atenção. Não me importava. Eu não era mal-educada, só não estava mais viva, e isso significava n